Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Sempre tive vontade de registrar o meu dia a dia.Na adolescência, babava de inveja , ao ver colegas que tinham um diário.Ali escreviam seus sonhos, as mágoas , o 1º beijo e tal...Tínhamos uma situação financeira e econômica muito instável e não havia a menor possibilidade de comprar um caderno bem bonito, especial e escrito na capa MEU DIARIO. E assim , a adolescência acabou, veio a vida adulta , a super adulta e enfim cheguei na 3ª idade sem nunca ter realizado esse sonho idiota para alguns , terapia para outros e para muitos como eu ,que ainda tenham a insistência e a teimosia em alimentar a criança existente em nós . Então veio a idéia de criar um blog em que pudesse registrar o cotidiano de uma senhora idosa , sem culpas ou medo do ridículo .Hoje é bem melhor porque a gente escreve para o vento, pra gente mesmo.Totalmente irresponsável e sem compromisso de agradar ou não.Simplesmente pelo prazer de falar do seu dia a dia vivido em qualquer cidade de Minas Gerais ou qualquer espaço físico vivenciado por mim.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Registro de Nascimento


O Registro de Nascimento

Você tem ´arvore genealógica? Não? Não sabe dos seus antepassados? Suas origens? Nem o básico? Mãe, Pai?
Se vc é deste século ,talvez isso não tenha o menor peso.
Mas se nasceu no ano de 1940,isto é, no século passado, aí, não parece muito simples ou comum, até começar a estudar em escola publica.Quando se matriculava numa escola nos anos de 1946 ou 47, e alguém ou todos podiam ter acesso a secretária da escola, teria alguns problemas.
Os problemas surgiam quando no seu registro de nascimento, constava apenas o nome da mãe.Na linha pertencente ao pai, ficava em branco.
Por que será, pelo amor de Deus, não poderiam pensar ser alguma virgem que por obra do Divino Espírito Santo, deu a luz a um anjo?Não naquela época.Ali,naquela linha em branco sem o nome de um homem queria dizer o seguinte da coitada da mãe: mulher sem princípios,pobre, rejeitada por alguém do sexo masculino,sem família para defende-la,baixo nível intelectual, não soube lutar ou morrer para defender sua honra. Literalmente era a escória da sociedade daquele tempo.Quando isto era alastrado por algum professor ou aluno mais atrevido que tivesse acesso as fichas da secretaria,então vc teria sua marca bem registrada. Seria apontada com o dedo.Como eu não entendesse direito o que acontecia, era obrigada a desconfiar de algo muito estranho no reino da Dinamarca.Se a diretora da escola a escolhesse por simpatia ou piedade para eventos da escola,então correria sério risco de ser apedrejada na saída da escola. Seria o bullying que acontece no momento?Acredito que sim, embora na atualidade, se tenha poucos registros no ensino de 1ª a 4ª série, por algum motivo que não quero comentar.Os registros mais assíduos ocorrem a partir da 5 ªe 6ª série.
No meu tempo era discriminada não pelo físico ou algo em mim,mas por falta da escrita de um nome do sexo masculino, numa linha que vinha em branco num pedaço de papel me identificando..Faltava o nome de um homem.pra colocar numa linha destinada taxativamente por um homem, em um papel de registro de nascimento.Ninguem tem nem noção das situações constrangedoras resultantes de tal fato.Resposta errada era ovacionada pelos colegas com os dizeres...”è a sem pai ¨ ...de mãe vadia....Eu não sabia bem do que se tratava , mas sentia algo contra minha mãe.Então, voava em cima do agressor e mordia dava tapa, e chorava sem nem saber direito do que se tratava.Em casa,minha mãe,ficava angustiada por me ver arranhada e despenteada querendo saber o que acontecera.Por instinto, sabia não poder contar o ocorrido.Sentia sem saber , do machucado triste que causaria.Nos duas,sem defesa ou ninguém por nós.Então mentia descararadamente:ah! Foi o menino que me acusou de ter pego sua caixa de lápis de cores...., Nesses momentos,surgiu um anjo da guarda na forma física da diretora de nome Isabel.Ela sabia da minha mãe não saber de nada ocorrido na escola,quando conversava com ela.Acho, que a partir de tais conversações com minha mãe, a Dona Isabel entendeu que eu tinha de agir mais como uma protetora e não como protegida.E ela devia ficar imaginando como uma criança de 6 a 7 anos poderia ter este tipo de comportamento.E assim, se tornou meu anjo de guarda ferrenho.
Graças a ela, a diretora da escola , fui amparada,protegida e guardada contra violências dos colegas ou professores mais insensíveis.Não podia completar exercícios sobre árvore genealogica e nem saberia explicar o porque da inexistência do pai.Porém, mais tarde quando fiquei sabendo da história,bati palmas pra minha mãe, que tinha se recusado a usar o fato da gravidez, para impor alguma responsabilidade, ou por decisão, achar que eu merecia alguém de peso para constar no meu registro de nascimento.E olhe ser a minha mãe, criada na roça, nunca tinha ouvido falar em ética ou definir dignidade.E assim, terminei o primário e admissão em escola pública para o ginásio com certidão de nascimento sempre incompleta.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cais do Porto



http://www.youtube.com/watch?v=rkAmvwBfKKo
O CAIS DO PORTO


O cais do Porto em Vitória ES,era uma área bonita, atrativa e ladeado por uma espécie de muro largo e baixo que dava até pra gente sentar e ficar balançando as pernas, enquanto tomava sorvete de casquinha. Esta espécie de balcão ou murada,separava o mar do passeio da rua.Lá pelos anos de 1951 até 1953,era um dos meus passeios favoritos, embora já ouvisse de norte a sul de Vitória, ser ali um espaço suspeito e não adequado para moças ou senhoras “distintas”.Instigava algumas amigas para o passeio e sempre ouvia a mesma resposta negativa e cheia de horror..Então...ia sozinha.
Andava devagar pra não perder nenhum detalhe dos navios atracados bem ao a longe do cais que iam se iluminando ,nos últimos momentos do entardecer pra receber a noite.Os navios assim iluminados,pareciam lindas casas flutuantes sobre o mar. Dependendo do vento ou da brisa,dava pra se ouvir nitidamente os sons de música, vozes rindo,conversas e movimentos no interior dos navios.
Havia grande preconceito com os moradores das casas flutuantes sobre o mar.Eram chamados de embarcadicíos ou estrangeiros quando estavam em terra.A moça acompanhada por um deles,poderia ficar condenada pela comunidade e provocar comentários tipo:”...Os pais tão sabendo dela andar com embarcadicio?”, “... Quem ? Fulana? Vale nada não...ela anda com embacardicio...”Portanto, hoje entendo melhor minha mãe em prantos ,quando disseram pra ela que eu andava sózinha no Cais no Porto.¨Você quer me matar?¨ ¨Você é uma criança,(já tinha mais de ano que eu ia pro cais) e já ta falada¨ ¨Ainda bem que tava sozinha,mas tava lá.¨Isto depois de uma surra.
Mas hoje,penso que valeu tudo.Ficou um lindo quadro mental onde tudo colaborava para a magia.Lua cheia refletida no mar juntamente com o brilho das luzes acesas daquelas grandes embarcações,o vento falando baixinho e os murmurinhos da maré batendo mansamente nos pedregulhos abaixo da murada.Se eu fosse pintora tentaria transpor pra tela todo este contexto mental.
Como não sou pintora, reafirmo minhas lembranças e consigo ouvir vozes fortes e em bom tom, formado por um coral masculino, no acompanhamento do tango Tristeza Marinha.Eles repetiam tanto esse tango que acabei aprendendo a letra.A música conta a história de um marinheiro que foi pressionado por uma mulher de nome Margo.Ela levou o coitado a escolher: ou o mar ou eu.Ele a amava mas amava o mar também.Ele escolheu o mar e ela então, disse adeus.Ele seguiu solitário e sabendo que sempre chegasse em algum porto, ela nunca o estaria esperando.
Se tiv er interesse em ouvir .kicle aqui



Tú quieres más el mar
que azota el corazón Mi pena es tempestad
que azota el corazón
con el viento feroz del dolor.
Jamás la olvidaré
y siempre escucharé
sus palabras como una obsesión:
"Tienes que elegir entre tu mar y mi amor".
Triste, dije: "No"
y escuché su adiós...
Su nombre era Margó,
llevaba boina azul
y en su pecho colgaba una cruz.

con el viento feroz del dolor.
Jamás la olvidaré
y siempre escucharé
sus palabras como una obsesión:
"Tienes que elegir entre tu mar y mi amor".
Triste, dije: "No"
y escuché su adiós...
Su nombre era Margó,
llevaba boina azul
y en su pecho colgaba una cruz.

me dijo con dolor
y el cristal de su voz se quebró.
Recuerdo su mirar
con luz de anochecer
y esta frase como una obsesión:
"Tienes que elegir entre tu mar y mi amor".
Yo le dije: "No"
y ella dijo: "Adiós".
Su nombre era Margó,
llevaba boina azul y
en su pecho colgaba una cruz.

Mar...
Mar, hermano mío...
Mar...
En tu inmensidad
hundo con mi barco carbonero
mi destino prisionero
y mi triste soledad.
Mar...
Yo no tengo a nadie.
Mar...
Ya ni tengo amor.
Sé que cuando al puerto llegue un día
esperando no estará Margó.

Mi pena es tempestad
que azota el corazón
con el viento feroz del dolor.
Jamás la olvidaré
y siempre escucharé
sus palabras como una obsesión:
"Tienes que elegir entre tu mar y mi amor".
Triste, dije: "No"
y escuché su adiós...
Su nombre era Margó,
llevaba boina azul
y en su pecho colgaba una cruz.

Tal visão de todos cantarem em grupo, me encantava e ao mesmo tempo,entristecia muito,pois parecia que todos que acompanhavam o tango,com suas vozes, tiveram de optar entre uma Margot ou o mar.Me tocava profundo e dava vontade de chorar.
Anos mais tarde, ouvi uma versão de uma música italiana, feita pelo Chico Buarque de Holanda com o titulo de Minha História.Logo a associei ao tango Tristeza Marinha e comecei a imaginar se, por acaso,não tivesse ocorrido um grande desentendimento e a Margo , sem saber da sua gravidez disse adeus.O marinheiro, sem saber que tinha esparramado sua semente no ventre da amada, se foi.O menino Jesus conta então a sua história.
Tem algo sobre o titulo que parece teve de ser mudado pra ser liberada(época da ditadura),já que a música poderia ter cunho político.Então o Chico a registrou com o nome de Menino Jesus.Só depois retornou com o nome de Minha Historia.Não me lembro direito e to com preguiça de pesquisar...
Se alguém quiser ouvir a música do Chico,
http://www.youtube.com/watch?v=66For4DyLOcCLIKE AQUI PRA OUVIR O CHICO

Minha História
Chico Buarque
Composição: Lúcio Dalla / Paola Pallottino
Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá, laiá, laiá
Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
Esperando, parada, pregada na pedra do porto
Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá, laiá, laiá
Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha história e esse nome que ainda carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá, laiá, laiá

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"Reaching Out", de Nelson Mandela


"Nosso medo mais profundo não é que não estamos acima do par, o nosso medo mais profundo é que somos poderosos além de todos os limites, é a nossa luz, não nossa escuridão que nos assusta mais.
Nós nos perguntamos: Quem sou eu para ser brilhante, talentoso e fabuloso? Na verdade, quem é você para não ser?
Você é um filho de Deus. Dar-se ao vivo o seu pleno potencial, não contribuem para o bem-estar do planeta. Não temos nada a ganhar ocupam um lugar muito pequeno para garantir que as pessoas ao nosso redor não se sentem degradadas.
Nós nascemos para irradiar a glória de Deus em nós. Não está presente em algumas pessoas: temos tudo! E fazer nossa luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas o direito de fazê-lo. Quando nos libertamos do nosso próprio medo, que nós ajudamos a nossa presença automaticamente liberta os outros. "
- Nelson Mandala
(Trecho do discurso que proferiu na sua posse como Presidente da República da África do Sul em 1994)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

E Viva o Dia de Hoje.



20 DE OUTUBRO DE 2010 QUARTA FEIRA.


Decididamente, hoje, deveria ter ficado deitada,olhando pro teto, bem quietinha, e mesmo assim,haveria a possibilidade do teto cair sobre minha cabeça.Sabe aqueles dias que o tempo está favorável pra vc curtir feliz...feliz...e feliz e tudo trabalha pra que assim não seja? Pode-se pensar que ou os deuses acordaram(tava dando tudo certo pq eles estavam dormindo) ou, os planetas que te regem estavam brigando entre si e esqueceram dos seus protegidos no nível astrológico ou...,vc não fez suas orações e meditações direito....Quando me levanto pensando em querer ouvir o Luzes da Ribalda do Chaplin ou músicas bem do tipo dolorido e sofrido , como as do Moacir Franco, pra poder me sentir bem infeliz , BEM TRISTONHA, MAGOADA E COITADINHA, é sinal de que o “bicho ta pegando”.Seria mais apropriado que tivesse ficado na cama vendo o canal de comédias, receitas culinárias e me obrigado a refazer minhas orações com mais disciplina.Mas não, fiquei ouvindo o Cartas na Mesa , Eu Nunca Mais vou te Esquecer,Doce Amargura, Pequeno Mundo que acabou, Suave é a Noite e por aí...o pior é a Sombra do Sorriso Teu ,que ponho na repetição pra sofrer mais ainda.Aí, o meu organismo se contrai e tento fazer o maior esforço pra tentar voltar ao hoje.Levanto e me esforço e me arrasto até o chuveiro achando que tudo voltará ao normal após o banho.Acho que todo mundo teve um artista de dor de cotovelo marcando sua existência.Os meus favoritos eram o Moacir Franco e a Maisa.Bom...como disse acima era melhor,ter ficado bem quietinha...
Após o banho, achando que logo tudo voltaria ao normal tentei fonar pra minha irmã Miriam pra ver se queria algo do super mercado, pois levaria a Dolly pra dar o seu passeio e de lá de baixo mesmo iria pras compras.Telefone ocupado.Liguei pra outra amiga pra dar um recado.O fone ocupado.Liguei pro Sr. Jair (MOTOTÁXI DE CONFIANÇA) pra resolver problemas na rua e banco e o fone ocupado.Então liguei pra Embratel .Resposta: A senhora não pagou a conta do mês de setembro e por isto seu telefone foi bloqueado.Graças a Deus e do meu comprovante, e com ele nas mãos tornei a ligar.Achei normal a cobrança, já que caia numa conta encerrada num outro banco.Porém não era este o problema.A OI estava em manutenção e o meu telefone só voltaria ao normal bem a tarde.Estava usando o celular e assim consegui resolver .Tudo bem.Desci e ao ligar o carro ...nada.Tinha esquecido os faróis e sons ligados .Lá se foi a bateria.Volto e combino com a Casa das Baterias e também foi resolvido com o enxerto de bateria do profissional.Mas enquanto ligava o carro pra testar a bateria, vi o tempo há muito vencido, da troca de óleo.Combinei então que a partir do horário do almoço , o profissional levaria o carro e trocaria o óleo e etc.No horário marcado ele veio buscar o carro e me pediu os documentos dos carro.Prontamente peguei uma carteira muito e muito antiga onde se eu tirar algo ,tipo qualquer documento dela, me perco totalmente.E AÍ, CADE OS DOCUMENTO DO CARRO?Não estavam lá.Fiquei louca.Alguem tirou, eu perdi, Me questionei...O que está acontecendo? Desde o momento que levantei...O que ta havendo???
Conclusão: Sai da Delegacia de Policia com o papel em mãos comprovando o extravio da documentação do carro e fui pra Delegacia de Trânsito pra requerer a 2ª via dos documentos. Até chegar ,não poderei sair dirigindo.Só amanhã, após pagar o boleto de trânsito,retornarei á Delegacia de TrÃNSITO PRA CONSEGUIR 2ª via e continuar a caminhada.
Foi um dia de comprovações, já que esperava uma tranqüila , bela vivencia e comemorações do maravilhoso dia de aconchego e sem problemas( oh doce ilusão nesta dimensão), já, neste momento sublime de libertação de compromissos inuteis, exigidos, nesta dimensão.
Agora já sei...quando tais manifestações musicais insistirem e o meu organismo precisar de força externa do planeta pra continuar existindo nesta dimensão, é o 8ª sentido se manifestando e pedindo obediência..Então, nada mais que obedecer.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Interior da Ibituruna



Cheguei em casa muito cansada do trabalho,coloquei o sino nas mãos da minha mãe no caso de precisar de mim(ela estava em fase terminal de um cancer no pulmão) e, me recostei na cama, meia sentada com travesseiros me escorando nas costas.Cerrei os olhos e imediatamente alguém tocou no meu ombro direito, por trás, e me levantou.Comecei a deslizar, em pé e sem movimentar pés e pernas, no ar, com alguém que não conseguia ver , porque estava também de pé, atrás de mim.Sem entender direito o que acontecia, me via deslizando, em direção a Ibituruna.Tentava olhar pra trás pra ver o que era, e não conseguia.Entramos pela frente..Só que SONHO NO INTERIOR DA IBITURUNA
a frente ,como a vemos era fundo de um lugar.As paredes retas como de qualquer edifício eram de pedras onduladas.. e muito altas.Era como se fosse uma sacristia de igreja.Havia um longo caminho que levava para um grande portal que seria , ai sim, a porta da frente ou .principal.Ladeando este caminho, de um lado e do outro,havia muitas arquibancadas bem largas de pedras.Lembrava as arquibancadas de um campo de footbol.Havia muitas pessoas sentadas e deitadas nestas arquibancadas.
Sem mais a mão no meu ombro, e andando normal, me encaminhei para a porta principal completamente surpresa , temerosa e pensando se alguém acreditaria que a frente da Ibituruna seria os fundos de uma espécie de igreja.Mas que igreja? Não via nenhum símbolo, nada...Todo este espaço parecia estar numa penumbra suave. A claridade maior vinha do portal pra onde estava me dirigindo.
Quando o alcancei, mal podia acreditar...,dei de frente com uma pequena praça .Como as pracinhas de cidade do interior.Só que ela estava num terreno bem irregular e dali apontava caminhos ,ruas em forma de ladeiras pra não sei aonde.Quase todas as ruas desciam em forma de ladeira.Os caminhos subiam levemente e alguns eram bem planos.
INCRIVEL! Uma cidade pequena com pracinha ,comércio e toda uma vivência dentro da IBITURUNA!!
Sem saber o que fazer, me dirigi a uma pequena relojoaria ,pertencentes, acho, a dois homens altos brancos, e cabelos lisos e bem pretos, penteados pra trás.As vitrines estavam com muitas pedras preciosas e coloridas e vários relógios.Perguntei: ¨por favor, como faço para voltar para Valadares?¨Um deles falou: ¨tá vendo aquele caminho a esquerda na direção do meio da praça? Suba um pouco e encontrará um portão pintado de azul¨O outro completou:¨ La está a pessoa que vai ensinar como voltar¨. Assim fiz e quando estava no meio do caminho, começou a chover .Pensei que o meu cabelo ia molhar todo.E aí, voltei correndo, protegendo a cabeça.Nesta volta, deparei com um padre muito conhecido e amigo de Valadares.Ele estava sentado numa esquina da praça, com um imenso tabuleiro quadrado, sobre o colo .No tabuleiro tinha um enorme carneiro assado.Parece , esperava alguém para busca-lo, não sei...Nossos olhares se encontraram e já ia me dirigir a ele quando o seu olhar se desviou, como não querendo ser reconhecido.Dei meia volta e entrei num novo caminho onde parecia haver uma vila de casas.Entrei no 1º portão ,bati palmas e veio uma senhora.Pedi novamente informações de como faria pra voltar para Valadares.Ela me informou que teria de retornar ao portão principal e entrar.E assim fiz.Acordei com travesseiros caídos no chão.Me sentei na cama , ainda indecisa ,sem saber direito se tudo aquilo tinha sido mesmo real, tal a força com que vivenciei.
Até hoje, 16 anos passados, as vezes tenho a nítida impressão de que tudo aconteceu mesmo.Foi tudo real, eu estive dentro da Ibituruna.Se eu encontrar os donos da relojoaria ou a senhora que me informou, com certeza os reconhecerei, tal os detalhes de suas características físicas.Como é possível?...

sábado, 25 de setembro de 2010

Encontro Insolito



Encontro Insólito

Como gostaria de te-la encontrado neste seu tempo de 13 anos.Como gostaria de ter batido um papo com você. Tenho certeza do seu entendimento e das varias noites que dormiria pensando no como poderia ter sido possível ter me encontrado aos 66anos de idade.Como também tenho certeza,no seu guardar a 7 chaves do acontecimento.Seria mais um dos seus grandes segredos....Lembra quando 2 anos após os seus 13 anos, você estava numa estação ferroviária,muito deprimida,chorando, sem saber se deveria ou não embarcar num trem de passageiros?E já ia desistindo de ir quando uma mão a impediu de pegar sua mala e você viu de relance uma senhora na companhia do marido, bem vestida,tentando tocar no seu braço, querendo impedi-la de pegar sua mala pra voltar. você me olhou nos olhos e eu pude dizer.”Pelo amor de Deus VÁ”.Vi seu olhar de incredulidade e a vi me procurando.Foi tudo muito rápido e tão forte que imediatamente largou a alça da mala e se sentou para sua 1ª viagem para Valadares.Lembra? Não sei explicar isto, só sei de um sonho que tive, onde me encontrava na estação ferroviária daqui de Valadares, com meu marido, aguardando a chegada da minha mãe de Vitória. No sonho,ambos estavam vivos,porém aos 66 anos tanto minha mãe como meu marido já tinham feito a grande viagem.Então, me vi dentro de um vagão tentando impedir uma menina de pegar uma mala que não era dela e sim da minha mãe.Me lembro acordando com tais palavras...”Pelo amor de Deus và”.E você viajou pensando se vira mesmo alguém ...ou,ouvira alguem falando pra ir.Até hoje,me lembro deste acontecimento e não sei como foi possível tal encontro se eu estava na estação de Valadares(no sonho) e você na estação de Vitória vindo pra Valadares...
Mas nesta sua idade de 13 anos é que gostaria de te-la encontrado de forma tão insólita.Quem sabe não poderia ter falado coisas e coisas que evitariam que você sofresse tanto...
Hoje, me sinto emocionada ao ver olhar tão inocente,tão puro, imaginando ser o seu maior pecado o de ter roubado dinheiro da sua mãe pra comprar um batom e usa-lo escondida.Ele era guardado com muito cuidado e todas as vezes que saia o levava, passava nos lábios e antes de chegar em casa limpava a boca.Isto porque suas coleguinhas mais velhas usavam e você achava lindo.Não posso deixar de rir ao vê-la confessando pro padre o seu grande pecado.Dizendo do seu medo de por isto,as fadas, os anjos e a senhora abandona-la.
Muitas alegrias chegaram e entre elas a amorosidade da Dona Isabel, diretora da escola,Dona Halza sempre a protegendo e ensinando o catecismo no pátio da escola para prepara-la para a 1ª Comunhão.E, quando foi escolhida como pelotão na parada de 7 de setembro, foi a glória...O difícil e doloroso foi ter conseguido o uniforme de gala da escola.Lembra? Saia branca de fustão,camisa branca.O problema era o tênis.Era emprestado e um número menor que o seu pé.Mesmo assim, com pés queimando ,conseguiu desfilar com todo orgulho na parada de 7 de setembro.Muito especial aquele momento,.VocÊ FICOU MUITISSIMO FELIZ.
Talvez, tais momentos não deixaram sair do seu olhar a esperança.O seu olhar aí, é de esperança.
Minha querida criança que bom vê-la com tanta amorosidade e perceber que uma parte existente da sua essência iluminada, perdurará pela eternidade. Graças a Deus.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010



Domingo 10/09/10
Finais Felizes

Como me emociono com finais felizes, quando tudo termina bem em filmes ou novelas.Acabei de ver um filme assim, com desenrolar de tensão suportável e final feliz.A gente se sente alegre e tranqüila.É bem provável que viva num mundo só meu, bem particular e escondido de todos, onde só há beleza, muitas amizades e grandes finais felizes.Tento embelezar tudo a minha volta.Desde o meu espaço físico até o não físico.No inicio me preocupava por que só encontrava tais características em semelhantes com algum retardo mental, drogado ou baixo nível intelectual.Mas a medida que ia tendo outras vivencias,descobri ser possível,uma grande tendência de certos seres, a criar seu próprio bálsamo.Existem seres com vida física tão difícil,cansativa mesmo , de força bruta e mesmo assim,conseguem criar e materializar de algum modo, a sua volta, aquilo existente no fundo do seu interior. Uma vez estive bem no interior, chamado de zona rural e entrei numa modesta casa e fiquei deslumbrada com a decoração.Numa parede , de alto a baixo, havia quadros feitos (molduras) pela dona da casa com retratos dos seus antepassados; pais, avós,parentes, amigos.A disposição dos retratos e o colorido das molduras enfeitavam a parede de modo peculiar.Na entrada um lindo tapete de retalhos davam as boas vindas e bancos rústicos, no lugar de sofás davam toque especial com almofadas coloridas e recheadas de palha de milho..Na cozinha,um extenso pano bordado pendurado na parede, engomado, como se fosse um grande painel, com divisões para todos os talheres.Nesta cozinha, conhecida pela construção simples como o “chamado puxadinho”, era coberta por telhado que se estendia, entrando no imenso quintal todo arborizado.Um fogão de lenha, enfeitado no alto com muitos cachos de banana verde pendurados e lingüiças feitas em dia que se mata porco. Várias latas da mesma altura, pintadas e com belas plantas completava o visual.Os moradores são agricultores.Trabalham sob sol escaldante desde as 5 horas da manhã até mais ou menos 5 da tarde.Não há TV, internet ou revistas de decoração.Acredito que a dona da casa,tenta exteriorizar o seu interior em tudo aquilo que a cerca. Contatos com o mundo?Só mesmo o velho radinho de pilha e um violão para acompanhar as histórias sertanejas.Os anfitriões deste mundo encantado? São alegres, risonhos e faz questão dos convidados experimentarem todos os licores e doces(feito em casa) numa energia mágica.

Daí, descubro da alegria deles nas lutas árduas do dia a dia .Eles conseguem gostar de verdade do que fazem.Como descobri? Pelo entusiasmo e brilho nos olhos quando contam seu dia a dia. Quase me convencem de que cuidar da terra,plantar e colher são dádivas divinas.Embora admire o INTERIOR DELES,é bem difícil pra mim, me imaginar cansada, suada chegando deste tipo de labuta e ainda ter animo pra tomar um banho,preparar o jantar CANTANDO,podem acreditar.Em seguida, dar uma geral na casa, terminar o doce que foi iniciado no dia anterior, “jogar conversa fora” e preparar(olha o planejamento ai,gente!), a rotina do dia seguinte.O final feliz deles, neste dia, inicia as 20:30 no máximo,quando estarão acomodados e dormindo o sono dos justos.
Gostaria da existência no externo, tudo aquilo imaginado no meu interior.Só o lado bonito.Podem me chamar de alienada ou num ta vendo a violência imperando?,E a desigualdade gritante social?Será que vc não é , louca ou anormal?,Como na Balada do Louco da música da Rita Lee...¨Dizem que sou louca, por eu ser assim...mas louco é quem me diz ,que não é feliz...não é feliz...eu juro que é o melhor não ser o normal se eu posso pensar, que Deus sou eu...?¨
Louca ou não, acho ser eu uma mediocre cinderela deslumbrada.Vivo torcendo bastante os personagens da antigas histórias onde o príncipe salvador seria a grande amizade e o amor entre todos os seres...,a madrasta, representaria a mídia violenta e os anões seriam os anjos.
Então, poderíamos até entrar no Imagine do John Lennon e tudo seria perfeito...
Por isto me encanto com a possibilidade de certos cineastas terminarem seus filmes especialmente para pessoas como eu: fã de finais felizes .No momento, me vejo cansada e impossibilitada de assistir toneladas de violência .A preferencia de algumas amigas da mesma faixa etária minha, são de filmes de ação...adrenalina funcionando, dizem elas...Fico muito cansada e to tendo taquicardia durante tais filmagens.E se tal filme, apresenta iluminação e música ligada e annciando perigo, para amenizar,no auge de momentos de tais momentos e tensão mudo o canal e fico aguardando passar o perigo pra retornar ao filme.Não é problema de velhice não.Desde a infância,me lembro de fechar os olhos e aguardar a passagem do perigo nos cinemas da época.

Após o perigo abria os olhos aliviada e continuava a assistir prevendo um final feliz, como sempre acontecia, nas histórias da colonização americana ou inglesa na luta pelas terras indígenas onde índios e estrangeiros se davam as mãos em sinal de união feliz. Sabemos infelizmente, que não foi bem assim... Porém, na época, era tranqüilizador imaginar que assim seria. Ingenuamente,passávamos o contexto,sem saber, para a vida real .Agora pensando bem ,acho saber mais da história deles do que a do Brasil,dada a enchorrada(nem sei se é assim q se escreve)da cultura americana.Desde filmes até as músicas americanas, insistentes nas rádios. De qualquer forma,os finais sempre agradavam adolescentes românticos que nem eu.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010



ÊTA BELEZA DE VIDA!

Gente to vendo TV até 4 horas da madrugada.Verdadeira orgia.O canal HBO2 tá passando filmes, já dublado para o Português, dia e noite.O canal HBO sem número vem no original com legenda e é repetido no 2 já em português.Quando em algum tempo, no passado, eu sonharia com esta vida deliciosamente desorganizada? Acordo as 9 ou 10 horas da manhã. Nem acredito que isto iria acontecer comigo em algum futuro real,isto é, antes isso era algo inatingível.
Sei que vai passar...é o chamado período de adaptação.Na verdade me ocupo o dia inteiro.Um tanto de roupa pra reformar e lavar,alimentar o blog de artesanato que adoro.Sair mais com a Dolly.
Embora adore cozinhar, como de marmita,pois comer tanta verdura,arroz integral, carnes de vários tipos,só mesmo de marmita. Cozinhar pra mim sozinha não dá.Fiz as contas na ponta do lápis e conclui sair mais barato.É bem verdade de um molho de rúcula, 1 pé de alface,1 molho de couve ou taioba,brócolis,espinafre e tal, dar quase para o mês inteiro...,mas não funciona.Se perde muito e no final vc tem de distribuir.Além disso tem o detergente , o gás,o tempo gasto pra comprar na feira,o tempo gasto pra fazer e trazer tudo mais ou menos limpo e o enjôo de comer algo durante 3 dias seguidos e por aí vai...
Me lembro quando todos estavam em casa,começava a preparar os alimentos para os finais de semana na quinta feira.Tentava agradar a todos..Sempre tínhamos convidados.Então,eram tortas de chocolate com recheio e cobertura pra meu filho(liberados só nos finais de semana),sobremesas especiais pra meu marido e ainda assessora-lo na cozinha,já que ele era um cozinheiro de 1ª categoria.Meu marido na cozinha, se assemelhava a um grande cirurgião fazendo uma operação de alto risco e eu a instrumentista.Nosso díálogo, nesses momentos eram mais ou menos assim, no caso de prepararmos uma simples omelete:¨me passe a frigideira...não esta a outra...e a mão estendida aguardando...¨,” ¨a espátula, já acendeu o fogo?¨Não acendeu o fogo?¨ ¨Ponha cerveja no meu copo¨...Cadê o pano de prato?...O queijo...¨ a mão estendida aguardando minha obediência às ordens...¨cadê a salsa picadinha?...¨ então, eu tinha de preparar tudo com antecedência para o grande cirurgião.No final,eu o imitava com coreografia e tudo, e ríamos muito já meio embalados pela cerveja.
Toda essa energia se foi...risos,vozes , movimentos corporais, olhares de cumplicidade, meu nome gritado,latidos dos 12 cães companheiros,e o que era mais gostoso,a colheita de uvas,laranjas entre gargalhadas para fazer a geléia e compotas para os amigos nos natais.Como também se foi a disposição de cozinhar com tantos personagens faltando.
A roda da vida mudou e durante um grande período tive de me desligar de toda essa construção.Reiniciei nova etapa que chega agora ao seu final.Quantas etapas ainda terei de começar?Será esta a última?
Se for a última quero aproveita-la o máximo que puder.Só que parece mais uma pausa.Meu marido fez a grande viagem e meu filho, numa cidade bem distante, cuida da família dele.Muitos amigos queridos também fizeram a grande viagem.As vezes fico achando é de ter interrompido para uma pausa.E agora reinicio do ponto interrompido, só que sozinha.Então,tento realizar apenas aquilo que foi planejado e não realizado e era extremamente importante como dona de casa..Mas...pra que? Não sei.Só sei do momento atual.Me sinto premiada com a aposentadoria.Muito agradecida de poder decidir o meu dia a dia sem prejudicar ninguém.Poder ver TV até de madrugada quebrando regras como se tal quebra fosse o meu troféu.Posso tudo.Pelo menos provisoriamente, pois a ficha ta caindo de mansinho, de que não há volta. Aí entro em conflito e não sei se a vida passou ou fui eu que passei.
As vezes, lembro dos projetos planejados e sonhados com a possibilidade de executa-los logo tivesse todo o tempo ao meu dispor, como agora.Só que não contava que o tesão por tal projeto fosse morrendo, isto é, não tenho mais interesse , perdi a paixão. Exemplo disso, é quando olho determinadas revistas estrangeiras ainda guardadas e marcadas com lápis os projetos futuros. Compradas com sacrifício e na época me valeram muito.Por que foram tão importantes? Eu não sabia costurar e nem crochetar ou tricotar...Eram revistas alemãs vendidas em importadoras e escritas em alemão.O nome era Burda Moden.Só muito mais tarde tais revistas começaram a vir com manual das receitas em português.Nesta época, quando não havia ainda traduções em português, morava em São Paulo e quase todos os meus vizinhos eram alemães.Como meu marido era de etnia branca e talvez por isto,após um ano de moradia no prédio de apartamentos, os meus vizinhos começaram a se aproximar.Não era o esperado por mim,pois sou verdadeira brasileira, ou seja ,tenho a união das três raças(branca,negra e indígena) e por tanto sou mestiça para alguns ,indefinida para outros ou sou o que acho que sou,mulata.Tinha um certo receio de ser hostilizada por tantos estrangeiros.Porém como num milagre todos começaram a se comportar de modo super amoroso comigo.E como não havia ainda as traduções em português da revista Burda ,meus vizinhos queridos se incubiram de me ensinar como seguir receitas de tricô, crochê e costurar roupas, studrel,chucrute e masa folhada. Tudo isto foi me encantando tanto que resolvi aprender alemão.Foi um dos melhores momentos de aprendizagem que valeram muito na construção da minha vida.
Minha 1ª professora de alemão se chamava Alice.Sua casa lembrava uma postagem colorida de natal.Tudo que se colocava a mão,era feito por ela.Era uma delicia os momentos vividos na sua casa tão aconchegante.Já na 3ª aula ,ao notar minha admiração por studrel,nos deu uma folha com algumas palavras básicas como dever de casa e na 4ª aula, nos ensinou a fazer um studrel em alemão.(este “nós” é que a Maria Helena ,minha vizinha ,era casada com alemão. Helena já dominava o italiano, inglês,português e sua língua pátria, o espanhol.Ela queria se aperfeiçoar em alemão.)
Dona Alice era a típica alemã,lourissima,olhos azuis e mais ou menos com seus 50 anos.Falava um português arrastado e se comportava com altivez e quando retirava seu avental parecia estar indo para um grande evento de tão elegante.Seu grande orgulho era um grande porta retrato onde estavam o Monteiro Lobato,ela e toda a família.A família dela era muito amiga do Monteiro Lobato.Para uma coitada como eu do interior de Minas, aquilo tudo era uma glória.Porém, comecei a ficar meia lá e meia cá,quando aprendemos a música “Lili Marlen” em alemão.A partir daí, tomei conhecimento que tal música era tocada para os soldados nazistas a mandato do Hitler.
Fiquei embaraçada com o entusiasmo da dona Alice pelo Hitler e quando começou a falar do Wagner, o compositor de música erudita preferido do Hitler,e o que iríamos aprender sobre tal tema, inventei mil desculpas e deixei as aulas.Foi então que me matriculei no Instituto Goethe .Ai, foi que valorizei ter tido algumas noções de latin(coisa que detestava e achava inutil) no ginásio.Na minha época o ginásio corresponderia de 5ª a 8ª série de hoje. Graças a essas noções é que me saia melhor nas declinações de alemão.Fiquei tão insuportável que jurava que daí a pouco estaria lendo Goethe no original.RSRSR. Mas fiquei por pouco tempo,pois me mudei pra lugar mais longe e ficava difícil continuar meus estudos.
Mas graças a todo esses fatos é que passei a entender melhor a revista Burda Moden e costurava tudo pelos moldes impecáveis da revista.Fazia os pijamas,tecia malhas de frio e roupas pra marido,filho e eu.Era uma grande economia feita de modo muito prazeroso.Fiz muitas roupas(muita gratidão pelo tanto recebido) para as vizinhas com pouco tempo e em troca dos pães feitos em casa que eu adorava, e especialmente pra a amiga muito querida, a Maria Helena.
Daí, surgiram mil oportunidades de se trocar conhecimentos.Uma paraguaia, tocava bem o violão, me propos dar aulas de violão em troca de aprender a usar a revista ”Burda Moden”. Pena que retornou ao seu país de origem e não pude terminar meu aprendizado.Resultado: ganhei um violão de presente do meu marido no dia dos namorados;Passei as noções de violão pra meu filho.Ele entrou numa escola de música e se aprimorou.Garanto ter sido super legal pra ele saber, pelo menos(rindo), pegar no braço do violão e fazer serenata pra suas namoradas.Com certeza, foi um período muito relevante , construtivo e divertido .Valeu!
Espero ardentemente ser esta a minha última etapa de iniciar algo.Se assim for,vou tentar novamente me adaptar e encarar de forma melhor possível, o novo que vem por ai,já que está mais do que comprovado o nosso reeiniciar todas as manhãs pelo resto dos nossos dias.

sábado, 24 de julho de 2010


SERÁ????

Ouvindo pela TV um alerta sobre mudanças de escovas de dentes de 2 a 3 meses de uso é forma correta para não unir a determinadas bactérias ao seu organismo.Juntar as escovas então, seria candidato certo a futuras infecções.Deixa-las sem tampa, estaria captando do ar diversos organismos indesejáveis.... e por ai vai.Em seguida,no mesmo programa,fala das chupetas,bicos da mamadeira que devem ser trocados com assiduidade para evitar micróbios e mamadeiras não devem ser requentadas,ai vem o uso constante de fio dental e até uma pesquisa para mais anos de vida se usa fio dental.Tudo bem.Não entendo nadica de nada se me apertarem sobre a tecnologia de ponta e ultimas pesquisas sobre o assunto. Como leiga e simples humana, me envolvo totalmente no que passam na mídia, ou seja, o brasileiro vive mais e saudável e com tanta renovação tecnológica,a mulher de 50(evidentemente com alto poder aquisitivo),equivale fisicamente a uma de 30 do meu tempo.
No meu tempo de adolescente,ficava imaginando se conseguiria chegar aos 50 anos.Esta era uma data final.Me lembro que exclamava: “nossa,ela tem 50 anos? Pra mim era o fim da estrada”. “Será que chegarei até a velhice?” Então, todos os cuidados alertados nos dias de hoje devem ter infuído no aumento e jovialidade e vida dos seres.
Só que me vem uma duvidazinha!...,A composição do planeta mudou,ou seja ,vc assimilou a poluição e outros no seu sistema ou... pode ser marketing das industrias de escovas de dentes pra produzirem mais já que no meu tempo,por questões econômicas ,elas teriam de durar no mínimo um ano, ou talvez pra vida toda.As chupetas não podiam ser perdidas ou trocadas,caso contrário haveria a possibilidade do seu bêbê criar um grande trauma de tanto gritar pela sua chupeta perdida, horrível e desgastada.O fio dental foi uma glória,pois 2º a Danuza Leão,palito de dente deve ser usado no banheiro trancado e de luzes apagadas.Alguém da minha época deve se lembrar da mãozinha na boca , tapando o palitar dos dentes em restaurantes,já que vinha em todas as mesas e de todos os tipos(até de prata) , o paliteiro.
Foi tempo que o saudável era vc beber o leite diretamente da teta da vaca.Hoje, ele deverá passar por tantos processos de pasteurização antes de se beber,que chegaram a conclusão de se renovarem o modo das mamadeiras serem preparadas e consumidas ,entre eles, evitar requenta-las.
É isso aí...não tenho tempo de pesquisar e deixo para os profissionais(ÂNCORAS) de passar informações baseados em algumas pesquisas com fontes declaradas, e mesmo assim fico em dúvidas com o elo ou compromissos da emissora com o que esteja expondo.
Só quero afirmar dos meus dentes serem perfeitos e não tenho, ainda,nenhum dente que não seja meu.E aos 70 anos ainda não tenho dentadura ou implantes dentários como também, após chekup não apresento nenhum problema de saúde física que não seja considerado normal pra minha faixa etária, apesar de ter mudado raramente de ecova de dentes ou ter bebido leite diretamente do peito da vaca.

domingo, 18 de julho de 2010


Saudades

Nas manhãs antes de ir trabalhar,minha mãe preparava uma mesa digno de hotel cinco estrelas.O que ela preparava com muito esmero eram as torradas.Quase sempre esquecia e as deixava queimar.Isto a aborrecia e a deixava muito nervosa.Por mais que avisasse não ser necessário preparar o café e que não tinha a menor importância.Ela insistia e para apazigua-la,dizia:¨mãe,ADORO torradas meia queimadas.É bom pra emagrecer...Tanto falava a ponto dela se convencer de vez que o melhor pra mim seriam torradas queimadas.Então,todos os dias comia um tanto de torradas queimadas que amargavam, e pra me livrar, disfarçava embrulhando outro tanto para ¨comer ¨ na hora do recreio no trabalho. Caso assim não fizesse o comportamento da minha mãe era preocupante e teria a seguinte resposta com lagrimas nos olhos: ¨Oh meu Deus! Sou uma imprestável,nem torradas sei mais fazer pros meus filhos!Por que Deus não me leva de uma vez?Não sirvo pra mais nada..¨.e chorava e chorava...eu ficava muito assustada e bolei uma forma de comer sempre tais torradas ou qualquer outro prato que fizesse, fosse com muito sal ou sem ele.Tá uma delicia, ta perfeito, assim respondia quando me perguntava com olhar de ansiedade se eu estava gostando.Em resposta ela sorria satisfeita e me beijava agradecida.
Agradecida ficava eu com meu colega de trabalho que se tornou a partir daí,um valioso e querido amigo.Seu nome,Jerônimo.Carinhosamente o chamo de JERRY.Um rapaz alto bela estampa,vasta cabeleira negra(hoje não tanto),e muito mas muito ¨caxias¨.Excelente profissional,defende seus direitos com unhas e dentes.Super sensível e muito mas muito generoso.Sabe o que ele fazia quando eu chegava pra ele e falava:¨Jerry,olha as torradas da mamãe...não agüentei comer tudo e trouxe pra jogar fora.Ele ,em silencio,descia até a padaria mais próxima e comprava pão fresco, manteiga e voltava com a sacola e comíamos na maior alegria.Era uma despesa diária por parte dele.Nunca cobrou ou fez a menor menção sobre o assunto.É um gentlleman, embora seja de origem portuguesa.Conhece a Europa incluindo Portugal,sua paixão.Quando lá esteve voltou que nem criança,extasiado e encantado.Foi assim a sua entrada na minha lista de amigos especiais.Como Santo Antonio, através dos pães.A partir daí,ficamos confidentes e não tem nada da minha vida desconhecido por ele.Choramos juntos várias vezes,brigamos(como qualquer dupla de irmãos)e rimos , rimos muito mesmo.Se tivesse de definir a nossa amizade através de uma música, com certeza seria a do Roberto Carlos:¨você meu amigo de fé camarada...¨Qualquer fato corriqueiro ,sonhos,conflitos ,mágoas, inseguranças ,medos,era ele quem me escutava e vice-verso.
Me aposentei e continuo com vínculos fortes com o Jerry.Hoje, sinto muitas saudades das torradas queimadas e dos papos diários com o Jerry.A saudade é meia doída,acho que ele entende e de vez em quando se materializa aqui, no meu universo chamado casa pra diminuir o meia doída. Mas mamãe não consegue (GRAÇAS A Deus) se materializar aqui, então sua presença física só pode ser sentida pela imaginação.Muitas saudades da época,da união da mamãe e Jerry na minha vida.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vizinha do Hotel Majestic



VIZINHA DO HOTEL MASJESTIC....


Quantas e quantas vezes passei em
frente ao hall de entrada do tão imponente., grandioso Hotel Majestic.Estava ,como está até hoje, localizado na rua Duque de Caxias em Vitória , capital do ES.Acho que era o prédio mais expressivo daquela rua. Não sabia exatamente a sua importância como fiquei sabendo mais tarde, como por exemplo de ter sido o único prédio daquela cidade, a ter, durante anos e anos, um elevador. O meu contato inicial com o hotel foi no ano de 1947 pouco antes de completar 7 anos de idade. Na minha visão infantil sua importância se dava devido a sua altura, sua entrada sempre com pessoas elegantes e a filha do proprietário.Ela era uma moça loura muito bonita , que pra mim, se assemelhava a uma fada . Fada que ,do seu 2º andar, de vez em quando , jogava brinquedos para as crianças que brincavam á noite , bem debaixo da sua janela.Estas crianças ficavam ali, cantando, correndo enquanto aguardavam das mães, o chamado ou gritos, para irem dormir. Com certeza ela sabia daqueles pobres e pequenos seres serem seus vizinhos.
Vizinhos e filhos apenas de mães , já que dificilmente se ouvisse ou visse chamados vin do de presença masculina.Eram os pequenos moradores do sobrado tipo casarão de 2 andares, exatamente colado ao hotel.
AH! Quantas e quantas vezes percorri aquela rua em direção a Praça Costa Pereira bem cedo, para comprar o pão ou passava em frente ao hall de entrada do hotel a caminho da escola.Quantas e quantas vezes ganhava álbuns de retalhos de tecidos(mostruário das fábricas de tecidos da época) que após vendidos em peças para as lojas, perdiam a utilidade. Os viajantes representantes das indústrias têxteis ficavam hospedados neste hotel.Então eles distribuíam tais mostruários e quando isto acontecia , era uma festa, pois fazíamos roupinhas lindas de bonecas e minha mãe fez até uma linda colcha de cama com os álbuns.(hoje seria chamado de colcha patchwork).Quantas e quantas vezes,subíamos uma pequena ladeira do lado do hotel, para chegar á Catedral, com intenção de brincar em volta ou entrar e rezar.Me lembro da gente rezar até pros anjos de gesso que estavam no teto do interior da catedral.Imagine, ela estava em construção ainda.
O casarão colado ao hotel,onde morávamos,apresentava uma construção aparentemente sólida com uma presença bem decadente. Deveria ter sido bonito, bem tratado e pertencido a pessoas de grandes posses, que por razões desconhecidas , passaram para pequeninissimas posses e alugaram para uma senhora que o transformou em uma espécie de pensão.Esta senhora dividiu a propriedade em vários quartos para alugar e, nestes quartos, residiam várias famílias de baixa renda , nacionalidades e estados civis diferentes.
No interior deste outrora poderoso casarão, havia 2 escadarias com 12 largos degraus para o 1º andar (contava e recontava logo que aprendi a contar), e 10, não tão largos, degraus para o 2º andar.
No 1º andar, após subir os 12 degraus, se chegava a um imenso salão e 4 portas de 4 quartos abriam nele,.ou seja,cada quarto tinha uma porta de entrada ou saída que dava neste salão. Havia mais 2 quartos com varanda de frente pra rua, 1 banheiro e um quintal onde ficavam 3 tanques
destinados a lavagem de roupas e muitos varais para pendura-las. Nesta hora, era o momento mais alto em comunicação entre aqueles estranhos moradores.Neste momento é que segredos e problemas eram expostos,questionados e concluídos.Uma fila de seres com bacias de roupa para serem lavadas, aguardavam sua vez.Enquanto esperavam, iam conversando e ora aconselhavam , ora pediam conselho.
Creio ser a solidariedade um sentimento comum, entre seres humanos que estejam vivenciando infortúnios.É o que se constatava entre os moradores adultos e infantis daquele casarão.Era como se existisse um elo invisível os ligando, independente de raça, nacionalidade ou sexo.Caso contrario como explicar a vontade repentina surgida de brincarmos com alguma criança, a pedido da mãe, enquanto recebia sua visita clandestina?Como explicar outros moradores infantis se aproximando e pegando a mão da pequenina ou pequenino e em silencio nos encaminhando pro quintal ou a rua?
O salão da entrada, era um espaço bem grande e em algum momento do passado, deveria ter sido o local de maior representação social daquela casa. Quando ali morei, o grandioso salão virou uma cozinha comunitária que servia a todas as pessoas que ali moravam
. Cada família tinha seu pedaço físico de acordo com suas posses.Então, fogões minúsculos à carvão , ficavam espalhados sobre caixotes e na hora do almoço, panelas fervilhavam com comidas de vários cheiros e espécies.Eu adorava este clima de movimentos e sempre experimentava ora comida chinesa,ora comida japonesa, ou alemã e italiana.
Mamãe e eu morávamos no 2º andar que tinha 5 quartos (um cômodo para cada família) e um banheiro para todos. Tínhamos como vizinhos um chinês, casado, com 2 filhos, iniciando seu negocio de lavanderia; uma cantora de rádio com uma filha, que recebia a visita constante de um senhor oficialmente casado com outra pessoa;uma japonesa vivendo com um brasileiro e mais 2 filhos;um engraxate de rua(a cadeira de engraxate ficava numa praça e sua profissão era assim conhecida) 2º seus relatos fora abandonado com 1 casal de filhos, pela esposa.
No 1º andar morava a filha da senhora que alugou a casa e tinha 4 filhos.Entre eles uma menina da minha idade chamada Tita.Minhas noções iniciais sobre amizade e solidariedade, aprendi com a Tita.
Não posso nem imaginar o que tudo isto representava para os proprietários e residentes do elegante hotel.Vagamente me lembro da palavra cortiço.Algumas vezes ouvia:” Pena o cortiço ao lado...” ou “ ...algo deveria ser feito para retirar o cortiço...” Era um verdadeiro contraste entre o sobrado e o hotel.
A 2ª escada para o 2º andar terminava exatamente quase na porta do quarto em que morávamos: minha mãe ,eu e de vez em quando , era completada com a visita do meu padrasto. No término da escada havia um espaço de 1x1 metros , e aí ,mamãe instalou o seu pequeno fogão a carvão,(NÃO HAVIA MAIS VAGA NO SALÃO) e ali se cozinhava o nosso almento.
Até hoje fico imaginando como mamãe conseguia cozinhar, fazer doces e até bolo
naquele minúsculo fogão.Como conseguia manter uma linda lata estampada de florzinha com fundo verde, sempre abastecida com doce de abóbora com coco, doce de leite ou batata doce. Pra mim era uma latinha mágica. Quando mamãe recebia visitas, servia o doce em pratinhos de louça e ficávamos nos deliciando , sentadas sobre a cama que sempre estava coberta com uma bonita colcha bege de crochê .Era um cômodo muito pequeno que só cabia a cama de casal, três caixotes delicadamente cobertos com lençóis. Um caixote, guardava os utencilios de cozinha.O outro,ficava uma bandeja com pratos, talheres e canecas e sobre ele ficava pendurada uma sacola de pano bordada com um grande pão em ponto de cruz, feito por mamãe.;sobre o outro e último, o batom, pó de arroz, água de colônia e leite de rosas e uma lata de talco Ross.
Uma mala ficava debaixo da cama com roupas pessoais e de cama.A nossa decoração estava sempre bem iluminada pelos dois janelões que , um de cada lado da quina do quarto nos dava 2 visões : uma , víamos só telhados das casas vizinhas e era só levantar mais o olhar, pra ver uma parte da Catedral (ainda em construção); e a outra , víamos os navios, uma casinha linda do outro lado, perto do Monte Penedo e um pedaço do mar.Os janelões eram do estilo guilhotina. Levantava a parte baixa para cima e se prendia com algo para não fechar e segundo minha mãe, muito perigoso... E assim , abertos ficavam até a noite , quando eram baixados e minha mãe terminava este ato me gritando , pois eu estava sempre brincando lá em baixo, na rua ,com outras crianças até a hora de ser chamada pra dormir.
Acredito ter sido um dos períodos mais marcantes e felizes da minha existência de 68 anos.Fui muito feliz nesta vizinhança com o hotel Majestic.Talvez por recordações tão fortes tenha me interessado pelo Google Earth e tenha tentado localizar a rua Duque de Caxias e o hotel Majestic.
Não existe mais o sobrado onde morei, como também muitos daqueles seres, não existem mais nesta dimensão.No lugar do sobrado existe um moderno prédio de apartamentos.A rua por onde corria e corria foi modernizada e talvez não a reconhecesse se não tivesse como ponto de referencia o prédio do Hotel Magestic mesmo não sendo mais um hotel. Porém..., existe a energia do espaço. Elevando o olhar para o alto, poderei reconhecer naquele pequeno céu sobre a rua, as mesmas estrelas que admirava quando só tinha por companheira a Tita, que por coincidência estava na mesma situação que eu , isto é, esperando ser chamada para dormir.
Nem sei se aquela rua continua com o mesmo nome de Duque de Caxias, Também não sei direito sua extensão.Nas minhas lembranças,a rua começava um pouco abaixo do prédio do hotel e terminava na Praça Costa Pereira.Esse trajeto que me colocava como vizinha do Magestic continuará sempre mágico pra mim.

domingo, 11 de julho de 2010

Um Dia De Maio de 2007


DIA 8 DE MAIO DE 2007

Estou desde as 3 horas da manhã tentando dormir.E olhe que tomei remedinho para dormir.Cochilava até as 4 e novamente acordava de todo.As 5 horas a mesma novela.Parecia remédio de hora em hora.Lá pelas 6, levantei de vez e tomei banho, fiz um café e comecei a refletir.
Será que era porque tinha mais de quatro atividades pra resolver durante o dia, antes do trabalho? Era assim mesmo aos 66anos?Ou seria Medo do futuro?O que era afinal?
Comecei pelas atividades que teria que desenrolar.Já sabia pelo recado da secretaria eletrônica, alguém de um banco querendo me contatar..Assim que sorvi a 2ª xícara de café tentei informações pra saber da existência do tal número. A telefonista resumiu com outro numero bem diferente e foi a conta pra ficar aflita.Daí surgiram mais uns 6 telefonemas pra se chegar a conclusão do banco estar oferecendo uma promoção de empréstimo para clientes especiais.Especiais aqui quer dizer: funcionário público onde o pagamento de tal empréstimo é descontado direto nos contra-cheques.Até a minha negativa, este processo todo demorou mais ou menos 2 horas e meia.Resolvido o problema, passei pra próxima atividade me dirigindo para sessão de fisioterapia para o meu ombro fraturado em um acidente em sala de aula. Nestes momentos não sentia nenhum prazer de viver sozinha, pois sou destra e inútil da mão esquerda.Não tinha a menor intenção de incomodar amigos ou pedir favores que ficaria o resto da vida pagando e nunca terminaria a dívida.Outro desprazer de se viver sozinha.
Ao chegar à clinica iniciei meus exercícios e senti energia triste no ar.Dona Laurinha, minha companheira de horário,é uma senhora de 84 anos, muito alegre e conversada.Ela traz licores de frutas, juntamente com receitas pra gente experimentar.Precisa ver o orgulho ao passar e explicar as receitas.Foi funcionária pública a nível federal, e agora aposentada.Estava sempre tecendo algo.Ela Se tornou o alvo da minha admiração devido ao seu alto astral.Mas hoje ela está muito abatida e óculos escuros(pra esconder o inchaço dos olhos de tanto chorar), os movimentos corporais estão lentos e desanimados.É como quisesse estar invisível. Sem saber bem porque me deu uma vontade de abraça-la e passar as mão sobre sua cabeça.Se seguisse meu impulso diriam ser eu alguma louca,afinal só a conhecia a 2 meses dos exercícios , nem sabia onde morava ...A fisioterapeuta me falou de modo bem discreto que ficara sabendo do que ela enfrentou, frente ao juiz, os dizeres brutais e humilhantes dos netos, filhos de uma filha morta em acidente.Tinha sido tão forte que repercutiu entre as autoridades que a conhecia e sabiam da sua dedicação em relação aos netos.As vezes os jovens podem ser muito cruéis com os idosos...e, ali estava uma idosa solitária de 84 anos, machucada, infeliz e muito, muito triste.
Oh! Meu Deus, o dia ainda estava pela metade e eu já tinha participado de vários momentos conflitantes...Pra fechar, a secretaria da clinica me informou que meu plano de saúde não cobria mais de 40 sessões de fisioterapia.Então ou teria de parar com os exercícios ou pagar mais 10 sessões com dinheiro.Imagine! Iria parar, pois boa parte do meu salário vai para o plano de saúde...
Me recuso a apagar da minha tela mental os finais felizes da velhice.Na minha tela está: um casal de velhos que caminharam juntos sendo recompensados pelo tanto que fizeram para os seus filhos,para os seus semelhantes e o quanto contribuíram para sua nação.A velhinha tem sempre um sorriso bonito ,como a dona Laurinha, suas mãos ainda ágeis,tecem qualquer coisa numa confortável cadeira de balanço,e ,muitos descendentes a sua volta ouvindo com respeito e gratidão suas experiências. O velhinho companheiro com olhar terno e amoroso se deliciando com este quadro.Na minha tela mental há um clima de segurança e amor.
Não quero ver velhinhos sozinhos,solitários,com dor,sem condições dignas de sobrevivência. Por favor, Deus não deixe que eu perceba ou veja. Me torne mesmo bem alienada,pra não captar a desesperança,as famílias aleijadas(sempre faltando alguém) e a tensão se acumulando e levando tantos finais a se abreviarem.Seja lá o que não me deixou dormir se afastará e vou dormir com minha tela bonita de finais lindos para os da minha idade, e de preferência com planos de saúde que cubram todas as sessões de fisioterapia.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Delicia cantar no chuveiro


Hoje me peguei cantando no chuveiro.Há muito , mas muito tempo mesmo isto não acontecia.Como faz bem estar livre de relógios,prestações de conta, de presenças comprovadas através da assinatura de ponto,ter de ser alegre e feliz com dor de cabeça, hérnia de disco e por ai afora..Há 2 anos atrás, ficava surpresa por me sentir tão bem em sala de aula.Me empolgava e vivia numa completa interação com alunos.Me divertia muito.Minha alegria os contagiava.Não via as horas passarem.Ficava abobada por receber salário para dar aulas.De repente, passei a ter muita impaciência pra tudo.O comentário de colegas, a fala deles soava aos meus ouvidos, como se tivessem falando outro idioma.Muito mal estar no espaço físico escolar.
Comecei a me questionar: seria pq estava com 67 anos? Seria normal tal comportamento, já que estava envelhecendo?Fui atrás de ajuda.Quem sabe não faltava alguma vitamina....o diagnóstico veio como uma bomba.Stress profundo e síndrome do pânico.O médico devia estar brincando.Só podia ser uma piada.Ele então fez um histórico da minha vida pra me convencer: 8 horas de trabalho administrativo, mais viagens nos finais de semana a serviço, mais 4 horas noturnas dando aulas, mãe e 1 filho sob sua responsabilidade, tudo isto por 30 anos initerruptos,pois vc vendia suas férias ,só podia gerar esta conclusão.Juntando tudo isto à sua grande decepção com a educação...Ai ele me afastou da regência e em seguida fez algo que deve ser pra pagar minha língua.Um ano fora do ambiente de trabalho.Então me lembrei da minha mãe muito querida e me ajudou muito na minha caminhada. Ela dizia:¨... O que falamos do nosso semelhante ,com certeza iremos pagar”.Me lembro das coitadas de algumas colegas que viviam de licença de saúde.Naquela época,eu era bem mais jovem e trabalhava com febre,grip,TPM e me sentia (coisa feia) acima de tais colegas.Comentava com minha mãe o absurdo e tal.
Nos primeiros meses me senti horrível.Sabe quando dão a vc um trabalho pra dar conta e vc não consegue terminar? Aí vem uma sensação de frustação, incompetência e incapacidade.Você não deu conta.Você não foi capaz de terminar o que lhe foi destinado..
Enfim, após acompanhamento e medicação médica mais ajuda carinhosa dos amigos,estou quase boa de tudo.Quase 1 ano de tratamento, sinto vontade de criar um blog e estou até cantando no chuveiro.

Companheira Dolly


03/06/08 Companheira

Cheguei agora da escola e sabendo que não sairei mais, não preciso me afobar pra nada, peguei a Dolly e a levei até a janela pra respirar o ar da noite.Foi como um pedido de desculpas por te-la deixado sozinha por quase o dia inteiro.Isto tem ocorrido nos últimos meses.Dolly é a minha cadela.Ela é dócil, amorosa mas se comporta de modo muito carente.Dá conta de todos os moradores do andar.Ela entende ser sua função latir e avisar sobre todas as saídas e entradas dos vizinhos.Para parar de latir grito: “...é o vizinho!”Imediatamente fica em silencio.Porém se for na minha porta, se é visita ou alguém em especial pra mim,ela não dá a menor atenção para o meu grito, continua latindo e vem a mim e torna a latir e ai então, sei.É visita chegando.Não é incrível?Porém, como disse acima, é muiiiiiiiito carente.A partir do momento que algum ser ultrapassa o nosso portal, ela fica incoviniente de tanta festa e quer subir no colo e fica insistindo para ser atendida e ter toda atenção. Então, me lembro de comentários sobre o cão ser o reflexo do dono e
fico constrangida imaginando se as visitas também ouviram tal comentario. Tento por ordem no recinto dizendo 4 palavras :”coisa triste e feia.Fora.”Ela se vinga me olhando com olhar doído de mágoa e com orelhas abaixadas se afasta,sempre me olhando fundo pra eu ficar me sentindo bem culpada.Este comportamento quer dizer:”que ingratidão! Procuro te cercar de amor, transmitir isto para aqueles que julgo seus amigos; quero agrada-los porque julgo que te amam como eu a amo e é assim que você agradece...”Sua ingrata.Sai pouco comigo, vai cuidar dos seus interesses e me esquece por horas a fio e sempre a recebo com honras...e agora me sinto contente por nossa solidão ser colorida com vozes,energias,risadas e...”
E é este ser que tem acompanhado toda a minha trajetória nestes últimos meses.É este ser que tem acompanhado minhas lágrimas rolando, meus medos, minhas inseguranças diante de momentos conflituosos e choques insistentes de acontecimentos desagradáveis,embora,aparentemente bobos mas que se tornaram verdadeiras muralhas.
Sabe o que está me surpreendendo?É a repetição de noticias desagradaveis.pelo amor de Deus! Um contra aqui e outro na semana que vem ou no mês que vem...a gente agüenta...mas,num dia só uma avalanche initerrupta de surpresas ruins, numa semana,juntando tudo cansa.Num mês, se não existisse a Dolly,juraria que o mundo inteiro está contra mim.As vezes penso ser a Dolly,uma amiga de muitas eras que se materializou numa outra espécie de ser nesta dimensão.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Madrinha de Casamento


A MADRINHA DE CASAMENTO


Estava terminando de corrigir os cadernos dos alunos e preocupada em torcer a roupa ainda antes do almoço, quando o telefone toca:” E aí? Já se preparou para o casamento? “ “Claro” respondi como se tivesse entrado em outra dimensão. Depois de bla...bla..., desliguei o telefone e, exatamente neste momento, começou minha tragédia. Misericórdia! Tinha me esquecido totalmente. O que fazer? Como num filme rápido foi passando: o presente digno de uma madrinha que teria de arrumar, o vestido digno de madrinha que nem passava de longe, a possibilidade dele existir no meu modesto guarda-roupa, despesas com o cabelereiro, manicure , semblante alegre e descontraído entre tanta gente que nem sonhava o que era dificuldade financeira.
O semblante alegre e descontraído queria dizer : “Estou aqui feliz e sem nenhum problema financeiro e econômico. Estou conseguindo manter a mim e meu filho , trabalhando muito, é verdade, mas (imagine! era professora) muito bem remunerada. ”Isto foi a mais ou menos uns 30 anos atrás. E observando os dias atuais ,pouca coisa mudou. Isto é, grande parte das pessoas ainda insiste em aparentar abundância, bens materiais inexistentes. Continua ainda, o velho “valho pelo que tenho e não pelo que sou”...Enfim, eu não queria que ninguém soubesse que eu não tinha dinheiro nenhum e vivia exatamente como antes de ficar viúva.
Daí é que começou minha peregrinação, pois meu marido fazia das “tripas o coração” pra manter a “tal das aparências.” Então seu círculo de amigos tinha nível de vida bem mais elevado. E entre eles um casal com filho para casar. O casal parecia gostar muito dele e desejando homenageá-lo o convidou para padrinho de casamento do filho. O casal fez o convite como se fosse uma espécie de honra, deferência...
Meu marido assim se sentiu, imagine!!! Que honra.... Só que o marido morreu e eu fiquei.
No meu pobre cérebro da época, imaginava que este tipo de compromisso social deixava de existir com a morte do parceiro. E, com este pensamento me dirigi para a figura feminina do casal expondo o corte do compromisso. A figura feminina não concordou e ainda me jogou a responsabilidade de representar o meu companheiro.”Em absoluto, fazia questão da representante do “amigo querido” no casamento.”
Assim ela falou. Me vi então, na obrigação de comparecer, temendo alguma desgraça do falecido sobre a minha cabeça.
Fazer um empréstimo. Era a única saída. Pelo meu salário o empréstimo teria de ser pequeno. Pelo tanto de dinheiro conseguido, tive de optar: ou comprava um vestido ou o presente dos noivos. Decidi pelo presente dos noivos, afinal eu seria a madrinha.Faltava o bendito vestido.
O vestido veio de uma colega de trabalho, sem nenhum entendimento de moda ou de freqüentar pessoas tão “gabaritadas” ...Aliás o vestido era de uma tia com passado nebuloso, segundo ela, mas garantiu ter ido a festas, casamentos e era o melhor que ela tinha.Por falta de tempo e já tranqüila pelo problema estar resolvido, deixei pra pegar o vestido na véspera.
No inicio fiquei um pouco chocada, pois era um vestido negro de grandes estampas amarelas e um acentuado decote nas costas. Ainda por cima era longo.Pensei em inventar uma doença qualquer , cair de propósito e quebrar o pé, sumir.
Novamente o medo do falecido, me levou a por panos quentes. Comecei então embaçar a visão e a diminuir as estampas amarelas... de repente o decote não era tão grande assim...e, na aflição de ficar livre de tudo aquilo o mais depressa possível me vesti e fui. Afinal seria rápido, logo após o término da cerimônia sairia correndo pro meu canto. De qualquer modo não iria mesmo pra festa do após, eu era recém viúva, nem ficaria bem.
Agora bem mesmo, nunca poderia me sentir ao ser olhada e reolhada com tanto desdém. Foi um verdadeiro pesadelo.A própria irmã do noivo falou claramente algo quem nem lembro. Parece, estava combinado de o noivo entrar com a madrinha, não me lembro bem. Mas me lembro da revolta do noivo e da sua fala bem clara, irritada e dirigida diretamente a mim, sobre não entrar comigo daquele jeito, desfilando na igreja, nem morto.
Eu? Estava emudecida e pensando: Meu Deus tanto sacrifício pra nada.... Vou ficar pagando um empréstimo no maior sacrifício... Deixei meus afazeres mais importantes pra vir... E o que é pior, NUNCA GOSTEI DE FESTAS DE CASAMENTOS.
Chegando a casa, tomei um bom banho demorado, tentando limpar qualquer vestígio de humilhação e terror. Fui até a janela e falei para o vento como se o falecido pudesse ouvir. SE TE DEVIA ALGO, FOI tudo PAGO de forma bem cara. E FOI A ÚLTIMA VEZ QUE TE REPRESENTEI neste tipo de evento que você tanto gostava, ESTOU LIVRE DOS SEUS COMPROMISSOS sociais DEIXADOS POR AQUI. E ASSIM FOI.

Uma Manhã do Ano de 1993


Hoje reli um escrito feito no ano de 1993 .Achei interessante e vou posta-lo aqui.


QUALQUER DIA DO ANO DE 1993



Rapidamente me levantei para atender o telefone .Fiquei indecisa sem saber ao certo onde me encontrava.Com a lentidão dos que acordam de um sono muito profundo e prazeiroso, automaticamente falei: “Alô...” “Você não vai?” Perguntou uma voz feminina.Meia sonâmbula, sem entender direito o que ou quem era, respondi: “Aonde...?”. A voz se tornou mais alta, enérgica, brincalhona respondendo: “Acorde! Temos de andar “. Só ai reconheci a voz e ela continuou, “ei! Se localiza.Estamos em Valadares, no ano de 1993 e são seis horas da manhã.Temos de andar, nadar, nos movimentar, esqueceu? Estamos caminhando para a 3ª idade.Olha a osteoporose!” E m segundos fiquei bem desperta e me esforçando forte pra não ficar mal humorada e apelando pro meu passado genético de humano civilizado, respondi: “ Hoje não será possível...tenho alguns compromissos...aproveite bastante,ta?”.
Voltei pra cama e tentei redormir.Porém, o estrago já tinha sido feito.A sugestão clara da minha caminhada para a 3ªidade ficou ecoando nos meus ouvidos.Por que diabos teríamos de ir para a tal 3ª idade?Tentei me lembrar e fixar na memória de pessoas altamente comentadas como maravilhosas por defenderem a beleza natural deste período, da sabedoria adquirida e como era bom chegar aos 60, 70 e 80 anos , com visão tão bonita de vida.Algumas eram até mais enaltecidas por desprezarem cirurgia plástica ou, segundo elas, vaidades fúteis que apagassem os registros(rugas) faciais de suas belas e construtivas vivências.Isto sim é que era modelo de mulheres fortes,nível intelectual elevado, tal tal...
O que será que acontecia comigo? Afinal SÓ tenho(este só é comparado aos 60..., 70..., e 80) 53 anos.Uma pontinha de inveja da tranqüilidade destas maravilhosas senhoras, começou a crescer.
Como seria bom, sereno, tranqüilo se eu não tivesse vaidades ¨tolas¨, tipo sonhar com plástica, viver me exercitando para tentar manter músculos mais rígidos...! Que paz seria não ter de ficar toda noite, na maior mão de obra, usando cremes ¨milagrosos¨, na esperança de amanhecer mais jovem! Ah! Que bom seria me preocupar apenas com o tanto de sabedoria e encarar os meus registros corporais deixados pelo tempo, como se fossem lindos diplomas expostos dos vários cursos de vida.Imagine a glória,pudesse eu, desprezar com galhardia e superioridade o estar ficando velha.Então ..., deixaria meus cabelos ficarem brancos,terminando de vez com o martírio das pinturas.Alguém já imaginou a loucura que fica um banheiro, pertencente a mulher sem poder aquisitivo de pagar tingimento capilar num salão de cabelereiro? Se puder ter pelo menos noção, entenderá porque eu carregaria com heroísmo a bandeira do saber envelhecer e do respeito a natureza no seu determinismo humano obedecendo as fases nascer,crescer e morrer.
É..., tem hora que fico pensando, se não estarei é sendo influenciada pela mídia no enaltecimento a juventude.É difícil ficar imune aos Outdoors imensos com jovens belíssimas, TV apresentando mulheres estonteantes ( sempre jovens) associadas a produtos de consumo. O pior é a constatação do grande sucesso de tais produtos, provando a preferência de todos, pelas mulheres saídas da adolescência.
E o que acontece? A gente passa a consumir porque associamos o produto oferecido a beleza e a mocidade e, mesmo com conhecimento das finalidades propagandísticas,gostamos de nos iludir ao consumi-lo, na esperança que,sabemos falsa, estaremos de alguma forma , ligadas a jovialidade.
Pensando tudo isto, comecei a imaginar que bem que poderia haver um meio em que fosse dado uma ordem a todas as células humanas para quando chegassem a um determinado ponto, se estabilizassem.A partir daí, não poderiam mais envelhecer.Uma vez o Chico Anísio,comediante de TV, fez um comentário sobre este assunto que não pude deixar de aplaudir entusíasticamente. S egundo ele, a vida poderia começar com você nascendo bem velho.A seguir iria rejuvenescendo em etapas.De bem velho chegaria a meia idade, daí a adulto, jovem, adolescente, criança e quando chegasse a bebê, desapareceria.Não seria interessante?
Acho sensacional algo assim.Sem desesperos ou sofrimentos.Não que não admire mulheres lutando contra o tempo.É claro que sim.A Jane Fonda, atriz famosa,por exemplo, me fascina pela sua luta.O problema é a sua ¨luta¨.Luta aqui quer dizer: 2 horas de aeróbica(incluindo 1 hora de natação), 1 hora pra caminhar,1 hora de musculação na academia, 1 hora de massagista e visitas assíduas ao médico geriátrico.Tirando o médico geriátrico, o restante é diário.Ah! Segundo alguns , os exercícios pra valer mesmo devem ser feitos a partir das 5 horas da manhã.Não sei bem o porque de se exercitar tão cedo.Creio nunca suportar tal desespero.O máximo que consigo é me exercitar 1 a 2 vezes por semana bem amargurada e mal humorada.Isto porque o meu relógio biológico me aponta A NOITE, como melhor horário para qualquer tipo de atividade ou produção com algum sucesso.De formas que levantar cedo pra mim, se assemelha a alguma invenção sofisticada do Marquês de Sade.
A melhor solução mesmo, seria não precisar de nada disto.A gente poderia continuar estabilizada a partir dos 30 anos.Fez 30 anos, pronto.O corpo continuaria saudável, sem ameaças de osteoporose, reumatismos,perda da memória ou qualquer tipo de doença da última idade.Com certeza não haveria o perigo de ser acordada as 6 horas da manhã para ser lembrada de se exercitar,se movimentar o mais que puder.Poderá até optar em não ir, como fiz,porém, estará de modo veloz perdendo a luta contra a Lei Orgânica da Gravidade, isto é, flacidez mais rápida, pelancas caindo, órgãos internos cansados, enfim , toda você cada vez mais inclinada, atraída para o solo.Triste, não?