Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Sempre tive vontade de registrar o meu dia a dia.Na adolescência, babava de inveja , ao ver colegas que tinham um diário.Ali escreviam seus sonhos, as mágoas , o 1º beijo e tal...Tínhamos uma situação financeira e econômica muito instável e não havia a menor possibilidade de comprar um caderno bem bonito, especial e escrito na capa MEU DIARIO. E assim , a adolescência acabou, veio a vida adulta , a super adulta e enfim cheguei na 3ª idade sem nunca ter realizado esse sonho idiota para alguns , terapia para outros e para muitos como eu ,que ainda tenham a insistência e a teimosia em alimentar a criança existente em nós . Então veio a idéia de criar um blog em que pudesse registrar o cotidiano de uma senhora idosa , sem culpas ou medo do ridículo .Hoje é bem melhor porque a gente escreve para o vento, pra gente mesmo.Totalmente irresponsável e sem compromisso de agradar ou não.Simplesmente pelo prazer de falar do seu dia a dia vivido em qualquer cidade de Minas Gerais ou qualquer espaço físico vivenciado por mim.

sábado, 27 de dezembro de 2014

SERÁ?...SERÁ!


              SERÁ ?...SERÁ!.




Hoje se alguém pedisse para eu mesma  me definir,poderia dizer: “sou uma pessoa duvidosa  e cheia de superstições¨ .As vezes fico preocupada com a minha forte inclinação para acreditar em antigas  lendas, previsões do senso comum,historias da carochinha e tal.Quando surge fato meio surreal,casos do além ou absurdamente difícil de aceitar,recorro a pesquisa e constato a comprovação real, da inexistência para  determinada crendice.Aí então fico dividida entre o que ouvia na infância e na pesquisa de laboratório.Acabo sempre caindo no SERÁ?...SERÁ!...

      Me lembro de lá pelos meus 6 a 7 anos,estava sentada na cama junto a minha mãe, entrou um pássaro que rodou o ambiente e pousou bem em cima da cabeça da mamãe.Ela se assustou e disse:¨Ai meu Deus alguém da nossa família ta morrendo ou morreu ¨.Naquele tempo, as cartas ou telegramas vinham com uma tarja preta anunciando noticia de luto.Dai a 2 ou 3 dias o carteiro me entregou um telegrama com tal tarja negra que corri para entregar a mamãe.Ela desabou em lagrimas e concluiu:¨¨..vovó Brasilina morreu.Bem que o passarinho me avisou¨.Outros fatos com aves voando dentro de casa confirmou minha tese infantil de que pássaros voando dentro de casa, poderiam significar o seguinte: se SÓ voassem, noticias ruins ;se pousassem na cabeça de alguém , com certeza um familiar desse alguém estava morto.¨Quando vi o filme de terror do Alfred Hitchcook sobre os pássaros, ficou tudo confirmado .Eu sei...eu sei...tudo ficção.Porém ele fez o filme  baseado no livro de uma escritora inglesa que no meu entender,deve ter tido experiências infantis com pássaros, parecidas com as minhas.Acho que deve ser por ai o meu desencanto com EE.UU. cujo símbolo é uma AGUIA.

.A que ponto cheguei...mas vê se não é pra reforçar os meus SERÁS!?Outro dia cheguei em casa feliz e saltitante e me deparei com uma pomba branca, encolhida sobre uma mesa de canto, parecendo muito alquebrada.Levei grande susto e tentei retira-la para fora da janela, por onde deve ter entrado.Não consegui e pensei: ¨só falta ela pousar sobre a minha cabeça¨.Pedi ajuda imediata ao porteiro que a retirou e ela saiu voando tranquila.A aparência de alquebrada deve ter sido o resultado do cansaço das  tantas tentativas dela, para sair.A minha alegria e saltitância  inicial da entrada, sumiram.Embora interiormente estivesse torcendo para que isso tudo fosse uma bobagem, afinal pomba BRANCA simboliza PAZ, mas, antes da noite terminar recebi noticia da internação da  Nilda(amiga muito querida da adolescência),que me levou a sair correndo para o hospital.15 dias depois ela fez a grande viagem. Não quero registrar outros acontecimentos  dolorosos e tristes ligados a esses belos  animais, frágeis e de canto tão lindo como sua forma de expressão.

O engraçado é que gosto de ver e ouvir pássaros desde que eles não queiram muita intimidade, tipo entrar onde estou e ficar voando a minha volta.

Na semana passada, tive mil duvidas sobre um mistério surgido no piso do antigo quarto da minha mãe.Todo ele apareceu muito frio.Só o chão.Como se o ar condicionado estivesse ligado dia e noite.Somente esse cômodo apresentava esse problema.Como já tinha visto programas de TV e lido sobre total mudança para baixa temperatura , quando espíritos de mortos se manifestam, deduzi logo que o quarto estava repleto de seres do mundo dos mortos.A idéia foi se reforçando ao convidar vizinhas do mesmo andar,que concordavam logo, ao presenciar o fato.Algumas até comentavam...¨nossa! To toda arrepiada...¨, ...¨ olha meu braço,arrepiou...¨  ¨...Santo Deus minha nuca ta gelada...¨.Minha preocupação redobrou e tentei me acalmar pensando: “misericórdia! Todas, como eu, com mais de 70anos...,quem sabe não estamos é ficando CADUCAS...¨.E assim, comecei verdadeira pesquisa para achar uma razão e me livrar  de ser conhecida num futuro próximo  como A IDOSA DO QUARTO DOS ESPIRITOS.

Chamei um eletricista e olhamos fio por fio de eletricidade,ligações de TV,vídeo e computador.Não encontramos NADA.

Na semana seguinte,o problema do frio no piso continuava.Resolvi me comunicar com a vizinha do apartamento debaixo do meu.Expliquei o que estava acontecendo e se podia dar uma olhada no quarto dela, exatamente igual ..EXPLICADO.Seu filho estava de férias e instalou um possante ar condicionado encostado no teto com o ar direcionado para cima.Ou seja,irradiava no meu piso do quarto onde gelava o chão.Segundo o filho, fica ligado dia e noite.

E se não tivesse pesquisado?Haveria grande possibilidade de tal acontecimento virar uma crendice,nem que fosse temporário.

De qualquer forma vou seguindo com meus presságios, aparentemente sem fundamentos e reforçando os meus SERAS.


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

A      A MALA


       Houve um tempo em minha vida, do cansaço físico  ser tão grande que comecei a delirar,  imaginando como deveria ser o descanso eterno.Teria de andar?Ou simplesmente  deslizaria  por entre as nuvens , numa espécie de levitação não precisando de mover nenhum movimento,nenhum músculo, nada e nada.Não entrava no meu delírio suicídio ou morrer.Apenas queria descansar, voar por ai, sem lenço e sem documento como dizia Caetano,sem filas de banco,sem preocupação com entes queridos doentes,futuro de filho,contas pra pagar,resolver pequenos problemas domésticos tipo onde achar pedreiro ou eletricista e por ai afora...Pra chegar a ter desejo tão forte de descanso,é necessário falar de como eram meus dias, ano após ano. Saia de casa as 7:20 da manhã.As 11 horas,caso não tivesse nada pra pagar, comprar alimentos,poderia substituir o sanduiche, da hora do almoço, por uma refeição rápida com minha mãe em casa.As 13 horas voltava para o trabalho e só as 6:00 da tarde sairia correndo para outro emprego e  dar aulas até 22:30.Finais de semana?Ou estava viajando a serviço pela zona rural ou preparando e cozinhando os alimentos para semanaseguinte.Férias? Eu as vendia por extrema necessidade.Foi logo que fiquei viúva.
              Foi aí ,que virei personagem.Lidava com público o tempo inteiro e não havia reclamações. Sempre alguém procurando  e solicitando minha presença.Que presença?A de uma jovem alegre,risonha,amável,extrovertida e brincalhona. No final do dia, ao chegar em casa,retirava  o papel do personagem e começava então a  sonhar ou delirar.
               Naquele tempo,não tinha ,como hoje armários embutidos.Havia um velho guarda-roupa e sobre ele uma grande mala.Todos os dias ,ao acordar me deparava com a velha mala em cima do guarda-roupa.Sempre fazia minhas orações solicitando a Deus que caso eu fizesse a grande viagem dormindo que ele tomasse as providencias para que eu não ficasse assustada.Que ele me encaminhasse ou mandasse alguém falando claramente o que estaria acontecendo e me protegesse.Me lembro que  eu ainda reforçava o pedido pra não surgirem códigos .Explicar bem claro.Fechava os olhos e só acordava com o despertador para as 5:30horas da manhã.Abria os olhos bem devagar pra ver se não via a mala, pois se tal ocorresse, era sinal de que eu tinha ido,ou estaria em outra dimensão.
Mas lá estava ela. Firme e sólida.E  eu sempre com  a mesma reclamação:” OH Deus! Outra vez? Por que? Ainda estou aqui e tenho outro dia inteiro pra enfrentar.”.
Meio decepcionada tomava banho me vestia e ao chegar na Delegacia comentava com meu colega JERRY. Ainda não foi dessa vez. A mala continua lá. Ele ria e no meu aniversário me deu esse poema.


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

HIDROGISNATICA

                 HIDROGINASTICA
        Hidroginastica agora é a palavra dominante do momento na minha vida. A urgencia  ficou definida, após conversa séria com o cardiologista.O único exercício possível já que não posso nadar(Pode entrar agua nos olhos com glaucoma), nem tão pouco fazer caminhada ou pilates devido a artrose e artrite nos joelhos.Então, daqui pra frente, tudo vai ser diferente, tendo essa nova atividade, como sempre prioridade. Duas vezes por semana estarei  presente me exercitando.
     No 1ºdia dos exercícios fiquei bem derrubada e muita vontade de chorar.O local é muito bonito, a piscina coberta, agua quente para morna, enfim, especifico para idosos...Juro que não esperava ver pessoas chegando em cadeiras de roda,portadoras de Parkson ou acompanhadas de curadores..Aí caiu a ficha mesmo.É como se nos todos ali, estivéssemos num grande barco indo não sei pra onde...,não que me imaginasse especial e portanto não poderia estar rodeada de tanto sofrimento .Mas ouvindo o som de peles enrugadas e flácidas se movimentando na agua como se estivessem boiando,me chocou muito..Me senti mais flácida,frágil e desencantada como nunca pensei me sentir.Não.Eu nunca fora especial e o que é pior,não conseguira ainda, alcançar um patamar mais elevado a nível espiritual. Se tivesse alcançado,com certeza não teria percebido tanto a aparência externa.A minha criança interna sumiu e no seu lugar ficou uma velha alquebrada, triste  e horrível.
        No 2ºdia, já percebi um grande pôster tomando toda a altura da parede,postando, a nível publicitário, um casal de idosos sorridentes e os olhos azuis do homem pareciam me fixar sorrindo.Então. toda vez que se materializava um quadro muito triste, eu olhava depressa para o poster homem de olhar sorridente da parede.
            Nos dias seguintes, já conseguia conversar e interagir com meus novos companheiros de caminhada aquática.
            Fazendo uma análise rápida vi a diferença de uma hidro em clube, onde nada é coberto, muito sol, agua fria, idosos misturados com mais jovens,tudo colorido e a hidro agora, direcionada exclusivamente para idosos com problemas de saúde.

E seja tudo pelo Amor de Deus.
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