Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Sempre tive vontade de registrar o meu dia a dia.Na adolescência, babava de inveja , ao ver colegas que tinham um diário.Ali escreviam seus sonhos, as mágoas , o 1º beijo e tal...Tínhamos uma situação financeira e econômica muito instável e não havia a menor possibilidade de comprar um caderno bem bonito, especial e escrito na capa MEU DIARIO. E assim , a adolescência acabou, veio a vida adulta , a super adulta e enfim cheguei na 3ª idade sem nunca ter realizado esse sonho idiota para alguns , terapia para outros e para muitos como eu ,que ainda tenham a insistência e a teimosia em alimentar a criança existente em nós . Então veio a idéia de criar um blog em que pudesse registrar o cotidiano de uma senhora idosa , sem culpas ou medo do ridículo .Hoje é bem melhor porque a gente escreve para o vento, pra gente mesmo.Totalmente irresponsável e sem compromisso de agradar ou não.Simplesmente pelo prazer de falar do seu dia a dia vivido em qualquer cidade de Minas Gerais ou qualquer espaço físico vivenciado por mim.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

UMA CERTA RUA DO COMÉRCIO

          UMA  CERTA  RUA  DO  COMÉRCIO


      A Rua do Comércio ficava localizada no centro de Vitória, capital do estado do Espirito Santo,  e se estendia por vários quarteirões. Neles, sobrados quase idênticos, lado a lado, se instalavam parecendo mais pessoas do que construções,  observando os terrenos vazios a sua frente.Nesses espaços vazios, vez por outra eram ocupados por parques de diversões ou circos.Os sobrados dessa rua além de serem quase iguais na sua construção, tinham também funções semelhantes, ou seja, em cima residências com pequenas varandas e embaixo as lojas ou escritórios.Nesse caso,  a parte de baixo de onde morávamos era toda destinada a negócios de exportação de café e cacau.
            O movimento era muito intenso durante o dia com tantas carroças abarrotadas de sacas de café puxadas e mantidas por animais sofridos e chicoteados pelos carroceiros. Eu me encolhia toda ao ouvir o  estalar dos açoites raivosos nos lombos dos animais sem defesa, que davam como resposta a obediência e resignação.
            Naquele ano de 1944, tinha eu 4 a 5 anos e assistia tudo da sacada verde do sobrado.Mesmo sem um entendimento ainda definido, ficava incomodada com a situação dos animais. Hoje fico imaginando como teria ficado bem contentinha se tivesse um dia, chegado na sacada e visto o carroceiro no lugar do animal, amordaçado  por um cabresto,puxando toda aquela carga e levando chibatadas nas nádegas .
      Sem levar chicotadas de chicotes, mas dos olhares de quem os tivessem pagando, surgiam então, os carregadores. Sempre muito apressados, quase correndo, na sua maioria negros, descalços  e de torço nú.Eles descarregavam das carroças sob sol escaldante, sacas e mais sacas de café  para o escritório ou vice versa  e  pareciam indiferentes das marcas quase em sangue nos seus ombros suados, como também nem imaginavam da preciosa carga, ser  talvez, responsável pela movimentação econômica e financeira daquela rua  e do Estado.
         Quando o dia ia terminando dando inicio ao anoitecer, as lojas e escritórios baixavam suas portas.Os movimentos iam diminuindo até o ponto de só se ouvir algum trotar aqui e ali, de cavalos,raríssimas buzinas de carros e os passos de alguém  vindo e indo.Então toda a rua emudecia. e os  sobrados trancavam as janelas das suas varandas, como  pálpebras dos olhos se fechando para descansar num grande sono.A ausência de altos edifícios e a pouca iluminação naquela rua, punha em evidência o brilho das estrelas no céu.E era pra lá que os meus olhos se dirigiam quando se esqueciam de mim na varanda verde do sobrado.Esse olhar constante  para o alto só era desviado, no momento em que a luz  encantada de algum parque de diversões, se manifestava através de não sei quantas lâmpadas coloridas formando um pisca- pisca fascinante.Nesse exato momento, os auto falantes começavam a cumprir a sua missão de completar a propaganda de chamada nas ruas. Então,emitiam ondas sonoras que iam se infiltrando, preenchendo os sobrados, em forma de músicas até hoje presente no meu imaginário de modo nítido e forte.Músicas e mais músicas até fechar o parque, quebravam o tudo igual daquela rua.Era como se fossem raios de luz se expandindo, penetrando cada vão das construções, dos quartos, e, mesmo já sendo carregada, meio dormindo, mesmo assim, atingiam meus ouvidos como me embalando pra dormir.Durante o tempo que ali permaneciam,os sons musicais alto e em bom tom, dos sucessos da época, foram minhas canções de ninar.De vez por outra,  aos 74 anos, me pego cantando a valsa Farolito  e Será do cantor Carlos Galhardo.
                Qualquer criança que assistisse,  do inicio até a noite de estréia,da sacada de qualquer sobrado, a evolução da montagem de um circo ou parque de diversões, teria para sempre viva, a sua criança interior.Era o meu caso.Durante dias e dias , acompanhava todo o movimento do pessoal artista, o estender e pregar lonas e o sistema de iluminação, no caso de ser um circo.Ou, se fosse um parque de diversões, a montagem da roda gigante, do carrocel, as cadeirinhas de balanço que rodopiavam e as barracas de jogos.
                Passamos a morar no sobrado a partir do momento em que o meu padrasto resolveu se unir a minha mâe.Isso lá pelos anos de 1942 e 1943.Ele era viúvo e morava com seus dois filhos.Hélio de 15 ou 16 anos.César,mais ou menos 19 anos.O Hélio era a figura típica do adolescente atual.Brincalhão, conversado e fazendo força para se adaptar á rigidez e seriedade do pai e irmão mais velho.O Cesar completava sua aparência de seriedade e responsabilidade com uso constante dos óculos.O bedecia a risca as regras sociais e não deveria se sentir muito a vontade com o comportamento do seu pai, trazendo uma mulher pra dormir no mesmo quarto.Eu? Dormia em berço esplendido(era um grande berço mesmo), o sono dos anjos, no mesmo quarto do meu padrasto com mamãe.Sempre me lembro do César com uma cadeira na mão, insistindo para minha mãe(sempre recusava) se sentar ao meu lado, à  grande mesa nas principais refeições.Pra ele, defensor dos bons costumes, uma mulher fazendo todo o serviço doméstico e a noite dormindo no mesmo quarto do dono da casa,seria a dona da casa.E assim ele a apresentava para quem chegasse.¨Essa é a mulher do meu pai.¨Minha mãe? Se sentia constrangida e discretamente sempre ficava a margem de qualquer situação que envolvesse pessoas estranhas.Não conseguia e nem queria deixar de pertencer as suas origens de agricultora.Eles a admiravam pela transformação  do imenso quintal. De feio e cheio de lixo virou uma esplendorosa horta, com canteiros e covas organizados de verduras e legumes lindo de se ver.O César dizia ter ela dedo verde e dom especial de lidar com a terra.Daqui pra frente vou me referir ao César, com apelido carinhoso nomeado pelo Hélio: “ O PRESIDENTE”.
              Então, se passasse do horário estipulado, ou algum comportamento inadequado, Hélio chegava pé ante pé e me perguntava:¨o Presidente já chegou? Ele ta ai?¨Era minha função responder com aceno de cabeça sim ou não.
                O Presidente trabalhava e estudava.Hélio só estudava no Colégio Salesiano.Sem dinheiro pra comprar o que o irmão tinha,sapatos,ternos, e camisas, ele usava sem remorsos tudo do irmão, sem ele saber.Quando o Presidente precisou dos novos sapatos, ainda na caixa e, seus ternos mais importantes para um grande evento, constatou dos seus novos sapatos estarem com ameaça de buracos de tanto uso.Seus ternos, sujos e amarrotados.Chegou na sala de jantar, desesperado e bufando chamou minha mãe.Quase gritando falou: “...onde ele está?Quero enfiar isto na cara dele.”.Minha mãe, muda estava, calada ficou.Ele esperou pelo meu padrasto pra se responsabilizar pelo prejuízo.Não me lembro no que deu.Só sei, se não me falha a memória , do Hélio ter dormido na casa de um parente naquela noite.
                 O primeiro Natal da minha existência foi preparado e alimentado pelo Hélio.Ele punha um copo de água no vão da janela e falava solenemente: ¨Se você deixar de chupar dedo e for boa menina, Papai Noel beberá a água e trará presentes.Se ele não beber...nem adianta esperar...¨Não sei como ele fazia pra esvaziar o copo sem eu perceber.Só sei da força feita pra não chupar meu polegar.E, ao encontrar um presente ao lado do meu berço, em plena manhã de Natal, meu coração disparou.Rasguei sofregamente o embrulho e dei de cara com uma grande e linda boneca sorridente. O rosto, as mãos e os pés de louça e o corpo de pano.Deslumbrada seria o termo certo para meu estado.Foi a minha 1ª boneca e segundo Hélio se chamaria Xandoca.Logo depois do Natal fiquei com sarampo e o Hélio pintou a Xandoca de pintinhas vermelhas em sinal de solidariedade.Muitas saudades...saudades...muitas.Minhas primeiras noções sobre o Natal foram bem positivas graças ao Hélio.Foram três natais durante a minha estadia naquela rua.No segundo Natal ganhei um lindo bercinho com um bebe dentro.No terceiro foi a glória, um pequeno piano que tocava.Tinha visto a filha do vizinho tocando um.Quando perguntaram o que eu achava que o Ppai Noel traria...respondi prontamente: ¨um piano igual ao da Emilia¨.Mesmo com os rituais e garantias do Hélio do Papai Noel saber até dos pensamentos das crianças,fiquei ansiosa e temerosa de ser esquecida.E assim ,lá pelo escuro da  madrugada, acordei e meio sonolenta, passei a mão onde estavam meus sapatos a espera, no lado da cama, para confirmar.Lá estava ele.Toquei forte nas teclas.Confirmado.Virei para o outro lado e com grande suspiro de satisfação continuei a dormir.No café da manhã,todos comentavam terem sido acordados no meio da noite com o som do piano.E riam, e riam muito.Nunca mais os meus natais foram os mesmos.Impossivel não me lembrar com muita alegria e agradecimento, por ter vivido  esse período “divisor de águas” naquela rua.É como se eu passasse a existir a partir daí.Não tenho a menor lembrança infantil do antes da Rua do Comércio.

UM  IRMÃO DE NOME HÉLIO

       Todas as manhãs, enquanto mamãe preparava a farta mesa do café,o grande rádio(do tamanho de uma tv 29 atual), era ligado para se saber noticias da guerra.Me lembro das propagandas nos entremeios das noticias.Quase todas imitadas pelo Hélio e entre elas, a do azeite de nome Maria.Vinha numa lata quadrada com a estampa de uma bela mulher...Então o locutor batia na mesa com três toques e dizia:¨Maria sai da lata¨.Hélio batia três toques na mesa do café e substituía o nome Maria pelo meu nome, o da mamãe, meu padrasto e até do Presidente.Outra propaganda surgia com a voz de um tenor de ópera cantando ¨ai...ai...ai que dor no fígado, tralalála la ...tralala lá...tralalalá...¨,aí vinha o nome do remédio para o fígado.Todos ríamos muito.Dizem que eu até gargalhava com as imitações.Embora amenizada pelo Hélio,foi uma época difícil, principalmente para os alemães e descendentes residentes em Vitória.Presenciei, da sacada de onde morava, alemães serem espancados  e xingados por multidões.Nesses momentos, o Hélio me arrastava da sacada, fechava todas as janelas que davam pra rua.
           No ano de 1945, no mês de abril, morre o Hitler.Eu tinha então quatro anos.Mas me lembro muito bem o Hélio com uma teara de pano na cabeça, dançando e cantando num grande desfile, no meio da rua onde morávamos.Parecia carnaval.A multidão fazia o som com um pedaço de pau batendo sobre pandeiro, tamborim ou lata repetindo sempre o mesmo refrão: ¨...morreu o Hitler...pam...pam...pam, morreu o Hitler...pam...pam...pam...¨. Quando fazia o pam...pam...pam......,  O Hélio levantava  o tamburim ou lata, ou pandeiro,olhava pra mim lá debaixo e continuava só que gritando o refrão MORREU O HITLER...PAM...PAM...PAM...Sei da chamada de atenção do Presidente,mas nem quero pensar em como foi.
             Os primeiros contatos com a arte do circo me foram passados pelo Hélio.Primeiro porque o espaço era bem em frente ao sobrado e só precisava atravessar a rua, e, segundo, acho eu, ele tentava ser gentil com minha mãe...(se é uma coisa que terei de admirar e agradecer sempre, era  o carinho, educação e o respeito dos filhos do meu padrasto para com minha mãe).O primeiro espetáculo assistimos na arquibancada e adorei.Surgiu uma artista mirim com roupa colorida e brilhante fazendo manobras e piruetas sobre uma tabua de madeira que por sua vez estava sobre um rolo também de madeira.Ao chegar em casa quis imita-la e punha uma tabua sobre uma lata vazia de leite Ninho e tentava me equilibrar sobre a tabua . mas a lata amassava e eu caia.Quando o Hélio viu,me explicou da menina fazer aquilo desde muito cedo e eu teria de me exercitar muito e não valeria a pena.                   Como também não valia a pena ficar tão assustada com a morte do Sr. Filme.(Filme ,nome próprio mesmo).
                  Sr Filme era amigo do meu padrasto e hospede constante do  sobrado.A mesa do café ficava sempre posta a sua espera,pois  era o ultimo a se levantar.Parece mesmo é que ele gostava de tomar o seu café matinal sozinho, ou por outra, comigo.No momento em que mamãe servia o bule de café e leite, ele me chamava pra sentar ao seu lado e conversava como se eu fosse adulta.Não entendia sua fala mas gostava muito de ouvir o som da sua voz mansa e ondulada.Sempre trazia presentes tais como mobília de madeira para bonecas, bercinho de bebe, lápis coloridos,ferrinho de passar roupa,jogos de cubos então, era quase um por dia. Mais tarde vim a saber que ele era esotérico e tinha perdido uma filha da minha idade.Mas acho, que ninguém sabia era que ele tinha o dom da cura.Curou minha mãe em vias de ser hospitalizada apenas dizendo:¨Deus está dentro da senhora.Entre no seu quarto, cerre os olhos.¨O mesmo com  a coluna do meu padrasto.
                     Estava na sacada assistindo o ensaio das escolas  para os desfiles do dia 7 de setembro, quando Sr, Filme falou da porta entreaberta do seu quarto: ¨vá lá embaixo correndo, no escritório e chame seu padrasto¨Corri falei pra minha mãe que providenciou imediatamente a presença do meu padrasto.Nada adiantou.Ele morreu.
Não entendia o tanto de gente.Não entendia ele em movimento no café daquela mesma manhã e os seus últimos presentes: duas panelinhas  com tampa.A pouco ele me chamava e agora tão quieto deitado dentro do caixão dormindo no meio da sala.Ia toca-lo para que se levantasse, veio então o Hélio depressa, pegou na minha mão e disse:¨ ölhe como ele está dormindo.Sabe onde ele vai acordar?¨ Retornou comigo no inicio da escada que dava para o quintal e mandou que eu olhasse para o horizonte .¨Ta vendo lá em cima no céu?¨ É lá que ele vai acordar.¨
Houve certa preocupação por parte da mamãe, padrasto e Hélio com meu comportamento inexplicavel de só  querer ficar sentada atrás das portas durante o velório.A noite, a demora pra dormir levou o Hélio a tentar me distrair fazendo figuras com as mãos, imitando animais em movimento.Mandava eu olhar pra sombra na parede e aí surgiam cachorros, gatos e outros.Muito tempo mais tarde eu fazia a mesma coisa com meu filho quando pequeno.Ele repetiu o mesmo com meus netos em criança.  
Na manhã seguinte perguntaram como eu estava e disse:¨sonhei que o Hélio estava com o rosto todo riscado assim (mostrava no meu rosto linhas verticais e horizontais), e assim.De todos os riscos saia muito sangue¨.Então ele pegou papel e com lápis  riscou uma bola, 2 olhos e boca.Quadriculou a bola e perguntou: “assim?”Eu disse sim, só que de cada risco saia muito sangue.Foi uma espécie de premonição com anos e anos de antecedência, já que foi exatamente assim que o encontraram com sua esposa e dois filhos em um grave acidente de carro.Sómente no caso dele ficou cruzamentos de linhas infiltradas pelos vidros do carro.Toda a família fez a grande viagem juntos.
Que você Hélio e toda a sua família, onde quer que estejam tenham muita PAZ e a você em especial, meu grande e muito obrigada.

Quem sabe a gente não se encontra por aí,em uma outra Rua do Comércio qualquer, localizada, sabe Deus,em outra dimensão qualquer eficamos sabendo os motivos que os levaram a se unir e conviver com uma criança com idade de 3 a 4 anos por quase 5 anos? QUEM SABE?! PAZ PARA TODOS.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Delicia de Domingo. Chove.

Abro a janela e de imediato vem aquelas musiquinhas antigas na minha cabeça: “chove chuva, chove sem parar do Jorge Bem; a marchinha de carnaval: “Tomara que chova 3 dias sem parar, a minha grande magoa é que lá em casa não tem agua e eu preciso me lavar” ou Medo da chuva do Raul Seixas e ainda  o bolerão “Chuva de Prata que cai molhando o amor...”
 O som dos carros passando sobre poças de agua se intensifica e lembrança da infância vem à tona. Vejo-me toda molhada olhando pro alto com pingos e pingos contínuos caindo e eu, livre leve e solta dando grandes passadas, levantando bem os pés numa corrida lenta e gostosa dentro de poças de agua e às vezes lama. À medida que ia pulando, abria os braços, cantava numa alegria esfuziante. Ou seja, verdadeiro MICO infantil.
Nem mesmo a voz da minha mãe se fingindo de bravamandando tirar a roupa e lavá-la, diminuía o meu prazer. Sei que assim era porque após tirar a lama da roupa, lava-la e tomar banho, ela já tinha separado vestido limpo e na mesa da cozinha acabava de colocar travessa com bolinhos de chuva feitos na hora. Havia uma janela que dava pra ver a chuva descendo e lavando tudo. Parecia até que o mundo estava também tomando banho. O telhado das casas as arvores, tudo ficava com cores bem nítidas. E minha mãe e eu ali, fazendo parte de tal cenário, protegidas e saboreando bolinhos de chuva com chá de Cidreira. Adoro lembrar tudo isso.

Enfim, estou feliz porque é domingo e está chovendo.