

Milagre Gozador de Santo Antonio.
Tive muita sorte em ter encontrado na minha vida profissional 2 diretores de escola bem diferentes de todos os que passaram por mim.A minha 1ª diretora realmente se interessava por professores que gostasse e tivesse bastante interesse por crianças.Ela priorizava muito aquele professor que arrumava tempo e fosse in loco saber o motivo de faltas e doenças dos alunos.No caso de doenças, tentasse consultas de cortesia e remedios gratuitos pra que retornassem as aulas.Fiquei com ela 5 anos initerruptos, sendo o último ano, dando aulas na área do recreio e cantina, pra que não ficasse desempregada, pois a partir daí, os contratos seriam feitos exclusivamente pela Delegacia de Ensino e não mais diretores de escola.
Como professora contratada, o meu maior medo, quando começava o mês de novembro, era se conseguiria contrato para o próximo ano.Os requisitos oficiais eu nem olhava,pois sabia que na prática funcionava assim: 1º requisito era nenhuma falta; 2º, seguir na íntegra as SUGESTÕES vindas da Secretaria do Estado da Educação no seu planejamento; 3º, diários bem feitos; e por último, seu desempenho e competência.Poderia até faltar os últimos requisitos, mas se fosse sempre presente e tivesse diários que não trouxessem nenhum problema pra secretaria,o lugar estava garantido.
Nos bastidores você teria de estudar um manual de DIPLOMACIA, pesquisado por você mesma,sem ninguém saber.Os estudos feitos que eu fazia a respeito, faria inveja a qualquer candidato pleiteando um cargo de diplomata, embaixador ou cônsul.Os colegas eram de níveis variados e por qualquer comentário “inadequado”, poderiam tomar não como algo profissional, mas sim pessoal e se sentiam muito ofendidos.TODO CUIDADO ERA POUCO...
Então, como devota de Santo Antonio,fiz uma trezena para quando saísse da 1ª diretora, tivesse emprego garantido.Se é coincidência ou não, o lugar pra onde me destinaram era NO BAIRRO SANTO ANTONIO E O NOME DA ESCOLA ERA ESCOLA ESTADUAL SANTO ANTONIO.Dá pra acreditar?
Essa escola ficava bem no alto de um morro bem íngreme.Você tinha de subir a pé,encurvada pra frente,pois se ficasse ereta, corria o risco de cair virada pra trás.Sua subida a pé, demorava 24 minutos.Meu horário era 12:45 em sala.Tinha de levar sombrinha, pois o sol em Valadares nesse horário fica muito zangado.O calor ali devia ir pra 45 graus.Quando chegasse lá em cima , se alguém pusesse a mão na sua boca com certeza você cairia desmaiada.
Então, tinha de deixar o carro lá em baixo.O problema maior era quando chovia.Como o morro era de terra batida,com a chuva ficava igual a estrada de quiabo.Subia uma passada e escorregava 4 pra trás.Logo contratei os serviços de um garoto que se apegava nas folhagens da beirada do caminho, segurando um cabo de vassoura numa ponta e eu na outra ponta.Ele me levava assim até lá em cima.Nesses casos, quando o caminho virava uma cachoeira de lama, tinha de levar embrulhado num plástico, roupas limpas pra se trocar antes de entrar em sala de aula.
Quando se notava temporal se formando, a diretora soltava alunos e professores mais cedo.Num desses dias escuros e raios caindo pra todo lado, e um bando de professores correndo caminho a baixo com medo dos raios pegarem algum tronco de árvore servindo de poste da luz elétrica,gritei bem alto:É SANTO ANTONIO,O SENHOR NÃO ME PEGA MAIS NÃO.NUNCA MAIS VOU FAZER TREZENA, NOVENA OU QUALQUER OUTRO PEDIDO.Muita sacanagem...
E assim, trabalhei 5 anos nessa escola
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