Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Sempre tive vontade de registrar o meu dia a dia.Na adolescência, babava de inveja , ao ver colegas que tinham um diário.Ali escreviam seus sonhos, as mágoas , o 1º beijo e tal...Tínhamos uma situação financeira e econômica muito instável e não havia a menor possibilidade de comprar um caderno bem bonito, especial e escrito na capa MEU DIARIO. E assim , a adolescência acabou, veio a vida adulta , a super adulta e enfim cheguei na 3ª idade sem nunca ter realizado esse sonho idiota para alguns , terapia para outros e para muitos como eu ,que ainda tenham a insistência e a teimosia em alimentar a criança existente em nós . Então veio a idéia de criar um blog em que pudesse registrar o cotidiano de uma senhora idosa , sem culpas ou medo do ridículo .Hoje é bem melhor porque a gente escreve para o vento, pra gente mesmo.Totalmente irresponsável e sem compromisso de agradar ou não.Simplesmente pelo prazer de falar do seu dia a dia vivido em qualquer cidade de Minas Gerais ou qualquer espaço físico vivenciado por mim.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010



Domingo 10/09/10
Finais Felizes

Como me emociono com finais felizes, quando tudo termina bem em filmes ou novelas.Acabei de ver um filme assim, com desenrolar de tensão suportável e final feliz.A gente se sente alegre e tranqüila.É bem provável que viva num mundo só meu, bem particular e escondido de todos, onde só há beleza, muitas amizades e grandes finais felizes.Tento embelezar tudo a minha volta.Desde o meu espaço físico até o não físico.No inicio me preocupava por que só encontrava tais características em semelhantes com algum retardo mental, drogado ou baixo nível intelectual.Mas a medida que ia tendo outras vivencias,descobri ser possível,uma grande tendência de certos seres, a criar seu próprio bálsamo.Existem seres com vida física tão difícil,cansativa mesmo , de força bruta e mesmo assim,conseguem criar e materializar de algum modo, a sua volta, aquilo existente no fundo do seu interior. Uma vez estive bem no interior, chamado de zona rural e entrei numa modesta casa e fiquei deslumbrada com a decoração.Numa parede , de alto a baixo, havia quadros feitos (molduras) pela dona da casa com retratos dos seus antepassados; pais, avós,parentes, amigos.A disposição dos retratos e o colorido das molduras enfeitavam a parede de modo peculiar.Na entrada um lindo tapete de retalhos davam as boas vindas e bancos rústicos, no lugar de sofás davam toque especial com almofadas coloridas e recheadas de palha de milho..Na cozinha,um extenso pano bordado pendurado na parede, engomado, como se fosse um grande painel, com divisões para todos os talheres.Nesta cozinha, conhecida pela construção simples como o “chamado puxadinho”, era coberta por telhado que se estendia, entrando no imenso quintal todo arborizado.Um fogão de lenha, enfeitado no alto com muitos cachos de banana verde pendurados e lingüiças feitas em dia que se mata porco. Várias latas da mesma altura, pintadas e com belas plantas completava o visual.Os moradores são agricultores.Trabalham sob sol escaldante desde as 5 horas da manhã até mais ou menos 5 da tarde.Não há TV, internet ou revistas de decoração.Acredito que a dona da casa,tenta exteriorizar o seu interior em tudo aquilo que a cerca. Contatos com o mundo?Só mesmo o velho radinho de pilha e um violão para acompanhar as histórias sertanejas.Os anfitriões deste mundo encantado? São alegres, risonhos e faz questão dos convidados experimentarem todos os licores e doces(feito em casa) numa energia mágica.

Daí, descubro da alegria deles nas lutas árduas do dia a dia .Eles conseguem gostar de verdade do que fazem.Como descobri? Pelo entusiasmo e brilho nos olhos quando contam seu dia a dia. Quase me convencem de que cuidar da terra,plantar e colher são dádivas divinas.Embora admire o INTERIOR DELES,é bem difícil pra mim, me imaginar cansada, suada chegando deste tipo de labuta e ainda ter animo pra tomar um banho,preparar o jantar CANTANDO,podem acreditar.Em seguida, dar uma geral na casa, terminar o doce que foi iniciado no dia anterior, “jogar conversa fora” e preparar(olha o planejamento ai,gente!), a rotina do dia seguinte.O final feliz deles, neste dia, inicia as 20:30 no máximo,quando estarão acomodados e dormindo o sono dos justos.
Gostaria da existência no externo, tudo aquilo imaginado no meu interior.Só o lado bonito.Podem me chamar de alienada ou num ta vendo a violência imperando?,E a desigualdade gritante social?Será que vc não é , louca ou anormal?,Como na Balada do Louco da música da Rita Lee...¨Dizem que sou louca, por eu ser assim...mas louco é quem me diz ,que não é feliz...não é feliz...eu juro que é o melhor não ser o normal se eu posso pensar, que Deus sou eu...?¨
Louca ou não, acho ser eu uma mediocre cinderela deslumbrada.Vivo torcendo bastante os personagens da antigas histórias onde o príncipe salvador seria a grande amizade e o amor entre todos os seres...,a madrasta, representaria a mídia violenta e os anões seriam os anjos.
Então, poderíamos até entrar no Imagine do John Lennon e tudo seria perfeito...
Por isto me encanto com a possibilidade de certos cineastas terminarem seus filmes especialmente para pessoas como eu: fã de finais felizes .No momento, me vejo cansada e impossibilitada de assistir toneladas de violência .A preferencia de algumas amigas da mesma faixa etária minha, são de filmes de ação...adrenalina funcionando, dizem elas...Fico muito cansada e to tendo taquicardia durante tais filmagens.E se tal filme, apresenta iluminação e música ligada e annciando perigo, para amenizar,no auge de momentos de tais momentos e tensão mudo o canal e fico aguardando passar o perigo pra retornar ao filme.Não é problema de velhice não.Desde a infância,me lembro de fechar os olhos e aguardar a passagem do perigo nos cinemas da época.

Após o perigo abria os olhos aliviada e continuava a assistir prevendo um final feliz, como sempre acontecia, nas histórias da colonização americana ou inglesa na luta pelas terras indígenas onde índios e estrangeiros se davam as mãos em sinal de união feliz. Sabemos infelizmente, que não foi bem assim... Porém, na época, era tranqüilizador imaginar que assim seria. Ingenuamente,passávamos o contexto,sem saber, para a vida real .Agora pensando bem ,acho saber mais da história deles do que a do Brasil,dada a enchorrada(nem sei se é assim q se escreve)da cultura americana.Desde filmes até as músicas americanas, insistentes nas rádios. De qualquer forma,os finais sempre agradavam adolescentes românticos que nem eu.

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