Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Sempre tive vontade de registrar o meu dia a dia.Na adolescência, babava de inveja , ao ver colegas que tinham um diário.Ali escreviam seus sonhos, as mágoas , o 1º beijo e tal...Tínhamos uma situação financeira e econômica muito instável e não havia a menor possibilidade de comprar um caderno bem bonito, especial e escrito na capa MEU DIARIO. E assim , a adolescência acabou, veio a vida adulta , a super adulta e enfim cheguei na 3ª idade sem nunca ter realizado esse sonho idiota para alguns , terapia para outros e para muitos como eu ,que ainda tenham a insistência e a teimosia em alimentar a criança existente em nós . Então veio a idéia de criar um blog em que pudesse registrar o cotidiano de uma senhora idosa , sem culpas ou medo do ridículo .Hoje é bem melhor porque a gente escreve para o vento, pra gente mesmo.Totalmente irresponsável e sem compromisso de agradar ou não.Simplesmente pelo prazer de falar do seu dia a dia vivido em qualquer cidade de Minas Gerais ou qualquer espaço físico vivenciado por mim.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Interior da Ibituruna



Cheguei em casa muito cansada do trabalho,coloquei o sino nas mãos da minha mãe no caso de precisar de mim(ela estava em fase terminal de um cancer no pulmão) e, me recostei na cama, meia sentada com travesseiros me escorando nas costas.Cerrei os olhos e imediatamente alguém tocou no meu ombro direito, por trás, e me levantou.Comecei a deslizar, em pé e sem movimentar pés e pernas, no ar, com alguém que não conseguia ver , porque estava também de pé, atrás de mim.Sem entender direito o que acontecia, me via deslizando, em direção a Ibituruna.Tentava olhar pra trás pra ver o que era, e não conseguia.Entramos pela frente..Só que SONHO NO INTERIOR DA IBITURUNA
a frente ,como a vemos era fundo de um lugar.As paredes retas como de qualquer edifício eram de pedras onduladas.. e muito altas.Era como se fosse uma sacristia de igreja.Havia um longo caminho que levava para um grande portal que seria , ai sim, a porta da frente ou .principal.Ladeando este caminho, de um lado e do outro,havia muitas arquibancadas bem largas de pedras.Lembrava as arquibancadas de um campo de footbol.Havia muitas pessoas sentadas e deitadas nestas arquibancadas.
Sem mais a mão no meu ombro, e andando normal, me encaminhei para a porta principal completamente surpresa , temerosa e pensando se alguém acreditaria que a frente da Ibituruna seria os fundos de uma espécie de igreja.Mas que igreja? Não via nenhum símbolo, nada...Todo este espaço parecia estar numa penumbra suave. A claridade maior vinha do portal pra onde estava me dirigindo.
Quando o alcancei, mal podia acreditar...,dei de frente com uma pequena praça .Como as pracinhas de cidade do interior.Só que ela estava num terreno bem irregular e dali apontava caminhos ,ruas em forma de ladeiras pra não sei aonde.Quase todas as ruas desciam em forma de ladeira.Os caminhos subiam levemente e alguns eram bem planos.
INCRIVEL! Uma cidade pequena com pracinha ,comércio e toda uma vivência dentro da IBITURUNA!!
Sem saber o que fazer, me dirigi a uma pequena relojoaria ,pertencentes, acho, a dois homens altos brancos, e cabelos lisos e bem pretos, penteados pra trás.As vitrines estavam com muitas pedras preciosas e coloridas e vários relógios.Perguntei: ¨por favor, como faço para voltar para Valadares?¨Um deles falou: ¨tá vendo aquele caminho a esquerda na direção do meio da praça? Suba um pouco e encontrará um portão pintado de azul¨O outro completou:¨ La está a pessoa que vai ensinar como voltar¨. Assim fiz e quando estava no meio do caminho, começou a chover .Pensei que o meu cabelo ia molhar todo.E aí, voltei correndo, protegendo a cabeça.Nesta volta, deparei com um padre muito conhecido e amigo de Valadares.Ele estava sentado numa esquina da praça, com um imenso tabuleiro quadrado, sobre o colo .No tabuleiro tinha um enorme carneiro assado.Parece , esperava alguém para busca-lo, não sei...Nossos olhares se encontraram e já ia me dirigir a ele quando o seu olhar se desviou, como não querendo ser reconhecido.Dei meia volta e entrei num novo caminho onde parecia haver uma vila de casas.Entrei no 1º portão ,bati palmas e veio uma senhora.Pedi novamente informações de como faria pra voltar para Valadares.Ela me informou que teria de retornar ao portão principal e entrar.E assim fiz.Acordei com travesseiros caídos no chão.Me sentei na cama , ainda indecisa ,sem saber direito se tudo aquilo tinha sido mesmo real, tal a força com que vivenciei.
Até hoje, 16 anos passados, as vezes tenho a nítida impressão de que tudo aconteceu mesmo.Foi tudo real, eu estive dentro da Ibituruna.Se eu encontrar os donos da relojoaria ou a senhora que me informou, com certeza os reconhecerei, tal os detalhes de suas características físicas.Como é possível?...

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