Delicia de Domingo. Chove.
Abro a janela e de
imediato vem aquelas musiquinhas antigas na minha cabeça: “chove chuva, chove
sem parar do Jorge Bem; a marchinha de carnaval: “Tomara que chova 3 dias sem
parar, a minha grande magoa é que lá em casa não tem agua e eu preciso me lavar”
ou Medo da chuva do Raul Seixas e ainda
o bolerão “Chuva de Prata que cai molhando o amor...”
O som dos carros passando sobre poças de agua
se intensifica e lembrança da infância vem à tona. Vejo-me toda molhada olhando
pro alto com pingos e pingos contínuos caindo e eu, livre leve e solta dando
grandes passadas, levantando bem os pés numa corrida lenta e gostosa dentro de
poças de agua e às vezes lama. À medida que ia pulando, abria os braços,
cantava numa alegria esfuziante. Ou seja, verdadeiro MICO infantil.
Nem mesmo a voz da minha
mãe se fingindo de bravamandando tirar a roupa e lavá-la, diminuía o meu
prazer. Sei que assim era porque após tirar a lama da roupa, lava-la e tomar
banho, ela já tinha separado vestido limpo e na mesa da cozinha acabava de
colocar travessa com bolinhos de chuva feitos na hora. Havia uma janela que
dava pra ver a chuva descendo e lavando tudo. Parecia até que o mundo estava também
tomando banho. O telhado das casas as arvores, tudo ficava com cores bem nítidas.
E minha mãe e eu ali, fazendo parte de tal cenário, protegidas e saboreando
bolinhos de chuva com chá de Cidreira. Adoro lembrar tudo isso.
Enfim, estou feliz
porque é domingo e está chovendo.
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