Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Em Qualquer Cidade de Minas Gerais

Sempre tive vontade de registrar o meu dia a dia.Na adolescência, babava de inveja , ao ver colegas que tinham um diário.Ali escreviam seus sonhos, as mágoas , o 1º beijo e tal...Tínhamos uma situação financeira e econômica muito instável e não havia a menor possibilidade de comprar um caderno bem bonito, especial e escrito na capa MEU DIARIO. E assim , a adolescência acabou, veio a vida adulta , a super adulta e enfim cheguei na 3ª idade sem nunca ter realizado esse sonho idiota para alguns , terapia para outros e para muitos como eu ,que ainda tenham a insistência e a teimosia em alimentar a criança existente em nós . Então veio a idéia de criar um blog em que pudesse registrar o cotidiano de uma senhora idosa , sem culpas ou medo do ridículo .Hoje é bem melhor porque a gente escreve para o vento, pra gente mesmo.Totalmente irresponsável e sem compromisso de agradar ou não.Simplesmente pelo prazer de falar do seu dia a dia vivido em qualquer cidade de Minas Gerais ou qualquer espaço físico vivenciado por mim.

quinta-feira, 23 de junho de 2011


LEMBRANÇA INFANTIL



Houve uma época, lá pelos meus 9 ou 10 anos, que minha mãe achava que eu deveria trabalhar fora.Como ela fora assim educada,trabalhando desde menina,ela então cismou me ver em atividades fora de casa.Na sua simplicidade, eu deveria arrumar um modo de trabalhar como ajudante de balconista, de costureira ou qualquer modo,pra ela leve,que me levasse a seguir uma disciplina e responsabilidade.O serviço doméstico, pra ela, não era trabalho. Nesse tempo, ela fazia ponto paris em todo o enxoval da minha professora de bordado.Em troca, a minha professora noiva me dava aulas de ponto atrás, corrente, matiz, crivo e tal.Então, chegava da escola, almoçava, arrumava a cozinha, ia pra aula de bordado ( 3 vezes por semana) e em seguida saia para procurar emprego.
Emprego, nunca procurei.Então ia para as bibliotecas.Uma estadual e a outra municipal.Eu alternava.Entrava á tarde e só saia quando a biblioteca fechava.Chegava em casa e mentia descaradamente dizendo: ¨mãe, andei, andei e não consegui arrumar nada.Meus pés estão até doendo de tanto andar e procurar¨...então, foi assim que lia todos os gibis(não sei que nome se dá hoje.São revistas em quadrinhos que não podia comprar.)Tico-tico,Mandrake, Brucutu,Historias de faroeste e tal.Depois, comecei a ler livros especiais para juventude sugeridos pela responsável da biblioteca.De formas que aos 9 ou 10 anos já tinha lido quase toda a obra do Monteiro Lobato, Julio Verne, José de Alencar,Irmãos Griman, e milhões de contos de fada, Alice no País da Maravilhas e por ai vai...virou um vicio.Toda vez que estava com algum problema de família ou pessoal, me enfiava na leitura.Esquecia tudo.Me sentia dentro da leitura,vivenciando as aventuras e emoções dos personagens.Hoje, sou considerada pelos amigos como uma leitora compulsiva.Não sei dormir sem ler algo.Se não tiver nada, leio os Anúncios Populares ( vende-se, aluga-se ...)do jornal.
Quando me lembro de tudo isso, aos quase 71 anos,vejo e sinto como fui abençoada num contexto tão difícil.
Me senti muito protegida quando nos dois vestibulares que prestei,os textos para interpretação eram de autores que tinha lido aos 9 ou 10 anos de idade.É ou não é muita proteção?

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